Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Observações de Delfim Netto Sobre o Atual Momento Brasileiro

13 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image001Delfim Netto aponta que o diagnóstico do atual governo está recomendando o corte da demanda global, quando existe uma falta de competitividade da produção interna com a importação e somente o aumento da capacidade produtiva provoca o crescimento.

A experiência acadêmica e de governo de Delfim Netto recomenda estimular o setor privado a participar da recuperação econômica do Brasil.

Depois do período de fim de ano e começo de 2015, o professor Delfim Netto volta a escrever na sua coluna semanal no Valor Econômico dando a sua contribuição decorrente de sua longa experiência acadêmica e de exercício do poder para o debate da política recomendável para o atual momento da economia brasileira. O ponto fundamental é que sem a recuperação da competitividade da economia brasileira com relação ao exterior, notadamente no setor industrial, não há como voltar ao crescimento com o mínimo de sacrifício para a população brasileira, como deseja a presidente Dilma Rousseff.

As medidas emergenciais até agora tomadas pela nova equipe econômica, com uma visão predominantemente decorrente do setor financeiro, entendem que há que se conter a demanda global para atender os desequilíbrios fiscais e da balança de pagamentos, que resultariam na redução das possibilidades do crescimento e das pressões inflacionárias. Isto exigiria um prazo bastante longo para os ajustamentos necessários, não se assegurando a recuperação das condições de competitividade internacional, apresentando elevado risco para os resultados possíveis.

Com as restrições atualmente existentes, somente com a participação do setor privado nos projetos de infraestrutura seriam conseguidos os investimentos necessários. Medidas como elevação dos juros e da carga tributária teriam efeitos deletérios sobre os ânimos dos empresários.

Muitos economistas menos experientes foram treinados somente na procura do equilíbrio, ficando mais fácil propor o corte do excesso da demanda efetiva, imaginando a existência de um potencial do PIB, que seria “provado” pela alta taxa de inflação e o déficit das contas externas.

Sem o restabelecimento das condições de competitividade da oferta interna, as demandas internas continuarão ser atendidas pelas importações, transferindo os empregos locais para o exterior. O quadro atual conta com um forte imbróglio das contas públicas que será difícil de ser equacionado, para o qual resistem as autoridades estaduais e municipais.

O que Delfim Netto sugere é que o governo se concentre em despertar o espírito animal dos empresários, de forma que voltem a colaborar tanto nos investimentos públicos de infraestrutura como no atendimento da demanda existente no país, que está sendo desviado para as importações.

Ainda que existam alguns sinais positivos dados pelas atuais autoridades econômicas, parece ocorrer certo congelamento do governo federal, principalmente com as dificuldades como da Petrobras, sem que se consiga sair da atual situação, o que seria desastroso. Há que se superar este quadro para voltar à possibilidade de desenvolvimento.



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