Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Porque Me Chamo Paulo

25 de janeiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais, Notícias | Tags: , ,

clip_image002Sou paulista, paulistano, com muito orgulho. Nasci um pouco antes da II Guerra Mundial nesta metrópole, na então Maternidade de São Paulo, quando a maioria nascia com parteiras em casa.

Maternidade de São Paulo, perto da Avenida Paulista, que era importante e hoje já não existe mais.

Em 1938, quando meus pais ainda moravam no bairro da Liberdade, minha mãe apresentava uma gravidez com uma barriga aparentando que poderia ser de gêmeos. Por precaução, em vez de optar um parto em casa, com parteira, como era normal na época, ela foi encaminhada para a Maternidade de São Paulo, na Rua Frei Caneca, no bairro de Cerqueira César, muito próxima da Avenida Paulista.

Apesar do parto ter sido normal, como acontecia com muitos imigrantes japoneses na época, a minha mãe mal entendia algumas palavras em português. Para ter alta na maternidade, era preciso que a criança fosse registrada. Os médicos e as enfermeiras perguntavam a ela se o nome Paulo estaria adequado, por ter nascido em São Paulo na Maternidade de São Paulo.

Não compreendendo o que eles diziam, como era uma característica dos japoneses, ela simplesmente sorria grata pelas atenções que estavam sendo dispensadas. Este sinal foi interpretado como uma aprovação, e acabei sendo registrado no cartório da Bela Vista simplesmente com este nome, sem o de japonês que era usado em casa.

No registro no Consulado Japonês de São Paulo, que era possível antes da guerra, figurava somente o nome japonês, que me proporcionou a dupla nascionalidade. Posteriormente, quando já adulto, foi adicionado o nome Paulo, junto com o nome japonês.

Por mais estranho que pareça, somos em quatro irmãos, e somente eu tenho o nome em português, todos os demais somente em japonês. Como era costume na ocasião, amigos de meus pais como alguns descendentes de italianos preocupavam-se que as crianças de origem japonesa não eram batizadas.

Todos nós fomos batizados na Igreja Católica com o acréscimo de nomes de santos católicos, com exceção do meu irmão caçula, quando a Igreja já admitia um nome em japonês, possivelmente pela existência de um santo japonês com o seu nome. No meu caso, como me chamava Paulo, não havia a necessidade do acréscimo de um outro nome.

Somente quando fui matriculado numa escola primária é que meus pais ficaram sabendo que no meu registro oficial brasileiro não tinha o nome japonês, pois em casa sempre era chamado por todos por ele.

Simplesmente no nome Paulo Yokota apresenta, infelizmente, alguns inconvenientes, pois só eu conheço quatro outros com o mesmo nome, ainda que alguns escritos de formas diferentes. Mas, felizmente, nenhum deles se comporta de forma irregular. Isto levou-me, também, para que meus filhos que contavam com nomes simples, tivessem posteriormente a adição do nome de família de minha esposa, para diminuir a possibilidade de homônimos.

Mas isto cria problemas para o entendimento dos japoneses que chegaram a perguntar para meus filhos de que famílias são, pois possuem de duas famílias. Mas, todos nós somos paulistas e paulistanos, com muito orgulho.



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