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Datafolha Indica Situação Difícil Para Dilma Rousseff

8 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image001O governo de Dilma Rousseff que já enfrentava uma situação difícil no quadro geral passa a contar com a desaprovação da opinião pública que estimula a classe política a abandoná-la no seu suporte.

Presidente Dilma Rousseff

A Presidente Dilma Rousseff, que contava em dezembro de 2014 com a avaliação positiva de 42% de ótimo e bom na pesquisa de opinião efetuada pela Datafolha e com negativa de 24% de péssimo e ruim, passou neste fevereiro de 2015 por uma brutal inversão. Conta agora com avaliação negativa de 44% e 23% de positiva. Estes dados são desastrosos para o seu governo, pois os políticos que a apoiavam tendem a abandoná-la, pois eles temem contrariar a opinião pública. É uma situação difícil de ser suportada, indicando que ela perdeu a batalha da comunicação social diante de muitos erros cometidos, inclusive na opinião dos que foram beneficiados no seu primeiro mandato que acabaram a reelegendo.

52% dos pesquisados informam que ela sabia da corrupção que ocorria na Petrobras e deixou que ela ocorresse, e outros 25% entendem que ela sabia e não poderia fazer nada para evitá-la, somando 77%, a maioria absoluta dos entrevistados. Isto pode ser interpretado que, para os entrevistados, ela mentiu nas suas declarações públicas que a ignorava e a combatia.

Esta inversão da situação ocorreu num curto espaço de tempo e de forma brutal. O comportamento dela é interpretado como uma predominância de decisões individuais, tanto na composição do ministério do segundo que mandato como a substituição da cúpula da Petrobras para enfrentar o quadro extremamente adverso, não havendo como dividir a sua responsabilidade sobre a situação atual com quem quer que seja. Mesmo que a pesquisa indique que também o Governo do Estado como do Município da Capital paulista tenha sofrido desgastes neste período, em proporções menos chocantes, diante dos problemas de abastecimento de água e das enchentes, principalmente.

A falta de crescimento da economia brasileira, com pressões inflacionárias, dificuldade para um equilíbrio fiscal como da balança comercial devem ser atribuídas para a política determinada pela presidente Dilma Rousseff no primeiro mandato, que não escolheu ministros que a pudessem ajudá-la, como parece se repetir no atual. Na falta de alternativas, escolheu efetuar a correção de sua política, sempre sob o seu comando exagerado, quando deveria reservar-se somente para as arbitragens. Seus principais auxiliares não contavam com capacidade de gestão, fazendo com que os diversos projetos fossem executados com lamentáveis ineficiências e atrasos. Para o segundo mandato, não teve condições para mudar de orientação, continuando tudo sob o seu forte comando, num quadro já desgastado.

A opinião pública está mostrando que entende que ela tinha conhecimento das irregularidades que vinham sendo cometidas, nada fazendo para realizar um arrasador combate à corrupção como declarava. Tudo indica que as medidas tomadas foram no sentido de não ser atingida diretamente por elas, procurando-se resguardar nos setores sobre os quais dificilmente poderia ter um comando completo.

Problemas como as deficiências no fornecimento energético, além de artifícios para evitar que os problemas ficassem explícitos, tanto em termos inflacionários, no equilíbrio fiscal como na balança comercial, acabaram incontroláveis. As correções tentadas não são de magnitude que restaurem a confiança do setor privado para efetuar novos investimentos indispensáveis.

O fato concreto é que suas limitações pessoais parecem não permitir compreender a complexidade de uma economia como a brasileira, imaginando-se que somente a melhoria de bem-estar da situação de um segmento da população, que se constituiu na nova classe média, fosse suficiente para dar o suporte político para o seu governo. Lamentavelmente, parece que não é o que acontece.

Ainda que a classe política brasileira apresente suas deficiências, as reformas indispensáveis em muitos segmentos não parecem contar com projetos capazes de galvanizar a população brasileira. E elas parecem ser gigantescas e muitas, sem contar com uma firme base de suporte político do governo. Haveria que se contar com outros segmentos, que precisariam ser engajados no programa governamental.

Especificamente na área petrolífera, parece que o governo não foi capaz de compreender que já houve uma mudança no cenário internacional e o pré-sal exige gigantescos investimentos e tecnologias ainda não disponíveis para ser competitivo. Muitas das encomendas de equipamentos excedem em muito a capacidade interna de produção, mesmo com a colaboração marginal de fornecedores externos.

Na medida em que estas encomendas de cerca de uma centena de U$ bilhões foram prometidas para grupos brasileiros, induziu-se a formação clara de um cartel, sem que concorrências internacionais adequadas fossem efetuadas, criando condições para muitas irregularidades que chegaram a uma calamidade que não é só nacional.

Neste quadro tão adverso, parece que o governo não consegue nomes expressivos que permitam corrigir todas estas dificuldades, mesmo no setor privado. Parece que a população brasileira entende que o atual governo não é capaz de oferecer uma solução adequada, quando começa o seu segundo mandato.

Todos estes desafios não são fáceis de serem enfrentados mesmo nos países desenvolvidos e adequadamente organizados. No atual quadro brasileiro, as dificuldades são quase impossíveis de serem superadas, havendo necessidade de algo muito extraordinário, sempre difícil de ocorrer.



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