Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lamentável Discriminação Japonesa no The Economist

20 de fevereiro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais, Notícias | Tags: , , , | 11 Comentários »

clip_image002O assunto chega a merecer a atenção do The Economist, ainda que já comentado neste site, mostra que o assunto merece a ironia inglesa com que foi tratado.

Turistas asiáticos no Japão atual

Ainda que a política econômica chamada Abeconomics procure incentivar o aumento do consumo no Japão como forma de estimuar a sua economia, os turistas asiáticos, que estão aumentando de forma expressiva, ajudam a elevar a demanda local. Eles adquirirem volumes expressivos de produtos no Japão, e, mesmo com algumas relações discriminatórias dos japoneses com relação aos imigrantes asiáticos, ajudam no aumento do intercâmbio entre os países da Ásia.

O artigo do The Economist refere-se ao lamentável artigo publicado por Ayako Sono no jornal não liberal Sankei Shimbun, que acabou até gerando um protesto do embaixador sul-africano no Japão, na medida em que recomendava o apartheid, condenado de forma internacional, para os trabalhadores asiáticos que vão ajudar no tratamento dos idosos japoneses. Esta escritora japonesa, que ocupou até posição numa comissão que cuida da reforma educacional, expressava a sua opinião que estes trabalhadores deveriam ser admitidos, mas não deveriam ser casar com os japoneses, pois tais miscigenações de raças não eram recomendáveis.

O assunto, ainda que grave, teve uma repercussão limitada no Japão, com o jornal admitindo somente que isto se tratava de uma opinião pessoal da articulista. Também deve se ressaltar que o atual governo de Shinzo Abe incentiva o nacionalismo japonês, ainda que o assunto não facilite no relacionamento com os vizinhos, notadamente a China e a Coreia do Sul. Sua reação ao caso restringiu-se somente que a autora já não ocupava cargo no atual governo.

Deve-se entender que isto decorre da política de jus sanguinis adotado pelo Japão, onde a nacionalidade é determinada pelo sangue e não pelo jus solis, que é utilizado pelo Brasil, onde o local do nascimento é o relevante. Um povo pouco miscigenado racial ou culturalmente, vivendo por um longo período no pequeno arquipélago, tende a estimular atitudes como as japonesas.

O artigo do The Economist menciona com ironia: “not since the ancestors of Japan’s current inhabitants arrived in the islands from Korea two millennia ago…”. O fato concreto é que o Japão conta somente com 2% de estrangeiros, sendo que muitos imigrantes para cuidar dos idosos japoneses estão sendo admitidos temporariamente como trainess.

Espera-se que este tipo de comportamento se torne cada vez menos expressivo num mundo cada vez mais globalizado, onde o Japão necessita se integrar principalmente com seus vizinhos, não só do ponto de vista comercial como étnico e culturalmente, que deve ser admitido como algo difícil de ser executado.


11 Comentários para “Lamentável Discriminação Japonesa no The Economist”

  1. Caio Barreto
    1  escreveu às 19:10 em 22 de fevereiro de 2015:

    Paulo, pessoas escrevendo asneiras têm em todos os países. A opinião da senhora Ayako não traduz a opinião do povo do Japão. No Brasil, a miss Ceará foi vítima de discriminação. Aliás, negros, como eu, sofrem com o racismo. Ainda acho os japoneses muito mais civilizados do que muitos outros povos.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 22:39 em 23 de fevereiro de 2015:

    Caro Caio Barreto,

    Obrigado pelos seus comentários. Também acho que ela não representa a opinião do povo do Japão, mas de um segmento que espero seja pequeno da sociedade japonesa. Concordo, lamentavelmente, que sempre existem racismos que atingem mais os negros, mas também muitos outros. Precisamos ajudar a reduzir este preconceito ao mínimo, mesmo admitindo que isto é sempre difícil.

    Paulo Yokota

  3. Luana Santos de Almeida
    3  escreveu às 20:41 em 22 de fevereiro de 2015:

    Querido P. Yokota:

    “The Economist” deveria produzir reportagens mostrando como os britânicos discriminam latinos, negros e asiáticos. Eles não têm moral alguma.

    Luana

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 22:33 em 23 de fevereiro de 2015:

    Cara Luana Santos de Almeida,
    Obrigado pela sua opinião. Também acho que o The Economist possui os seus vieses.

    Paulo Yokota

  5. Fabio Silva
    5  escreveu às 22:22 em 24 de fevereiro de 2015:

    “The Economist” poderia mostrar como latinos, africanos, chineses, árabes etc. são maltratados em aeroportos do continente europeu.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 23:33 em 24 de fevereiro de 2015:

    Caro Fabio Silva,

    O The Economist é uma das revistas mais respeitadas do mundo, mas tem uma posição irônica, sabendo que o Reino Unido já teve posição mais destacada no mundo, que hoje está mais dividido.

    Paulo Yokota

  7. Fabio Silva
    7  escreveu às 22:30 em 24 de fevereiro de 2015:

    Yokota, para mim, o povo nipônico é um dos mais polidos, educados do planeta. A dona Ayako é só uma “ovelha negra”. Não se preocupe.

    Fábio de Oliveira Silva

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 23:30 em 24 de fevereiro de 2015:

    Caro Fabio de Oliveira Lima,

    Obrigado pelo comentário, mas a Ayako é um escritora famosa, tendo ocupado posições de destaque. Ela tem uma posição ideológica radical.

    Paulo Yokota

  9. Lauro Almeida
    9  escreveu às 13:38 em 25 de fevereiro de 2015:

    O colega Yokota já leu o que os internautas britânicos escrevem sobre brasileiros, argentinos, uruguaios, amarelos, afrodescendentes, africanos, islamitas, indianos etc.? A “respeitada” The Economist poderia, sim, fazer matérias sobre o isso, não? Abraços.

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 16:17 em 25 de fevereiro de 2015:

    Caro Lauro Almeida,

    Lamentavelmente sempre existem discriminação em muitos países, mas elas não justificam outras.

    Paulo Yokota

  11. Paulo Yokota
    11  escreveu às 16:25 em 25 de fevereiro de 2015:

    Caro Lauro Almeida,

    Até que esta revista, com a qual nem sempre concordo, tem feito ironias sobre os próprios ingleses.

    Paulo Yokota


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