Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Artigo do The Economist Sobre os Apalaches nos EUA

20 de março de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais, Notícias, Política | Tags: , ,

clip_image001Existem muitos brasileiros que criticam os programas sociais do governo federal afirmado que em vez de estimularem a procura de aperfeiçoamentos perpetuam a pobreza.

A Bolsa Família adotada no Brasil exige uma frequência mínima dos filhos nas escolas

A Bolsa Família não é uma invenção brasileira e os programas sociais de renda mínima como os adotados nos Estados Unidos acabaram recebendo aperfeiçoamentos, como a exigência de uma frequência mínima dos filhos nas escolas. Um dos programas sociais mais agressivos naquele país foi a Appalachian Regional Development Act, que o presidente Lyndon Johnson ajudou a implementar numa das regiões mais pobres dos Estados Unidos há 50 anos e que está sendo avaliado num artigo publicado no The Economist.

O artigo informa que Cynthia Duncan, uma socióloga que publicou o livro “Worlds Apart” em 1999, foi para a região de Apalaches para atualizar suas informações, tendo concluído que os mais pobres da região também têm uma notável capacidade de resiliência quando confrontados com dificuldades. Mas existem alguns lugares que são mais difíceis de abalarem a pobreza, gerando um debate entre os democratas e republicanos.

Segundo o artigo, esta região dos Apalaches conta com muitas minas de carvão que não estão sendo mais utilizadas por serem poluentes. Também a topografia da região é desfavorável, e o governo federal ajudou tanto a estabelecer estradas subsidiadas como outras medidas compensatórias, visando ativar a economia local, que continua pouco dinâmica. O máximo que parecem ter conseguido é evitar o seu esvaziamento, bem como algumas atividades de turismo interno.

O que pode ser aprendido, com o exemplo desta região dos Estados Unidos e o que vem sendo feito no Brasil, parece ser que sem uma ativação da economia não há como sustentar os mais pobres, mesmo com muitos programas sociais, tanto os que atendem às famílias como os idosos que recebem uma espécie de aposentadoria, ainda que não tenham feito suas contribuições sociais.

Dependendo de análises mais profundas, com base nos dados já existentes, poderia se verificar o impacto da melhoria na distribuição de renda de muitas regiões agrícolas brasileiras, tanto as tradicionais como a de parte do Nordeste e das regiões pioneiras do Centro-Oeste até a Amazônia. Também parece que as periferias das grandes metrópoles como as expansões das redes de cidades que ocorreram no Brasil nas últimas décadas tenham ampliado as chamadas novas classes médias. Que algumas áreas menos dinâmicas do ponto de vista econômico, mesmo com programas agressivos de assistência social, sejam difíceis de melhorar, parece problemas fora de questão.

É evidente que o atendimento universal da população com programas de saúde, bem como o avanço do sistema escolar, poderiam acelerar a melhoria do padrão de vida da população brasileira, e aumento de sua eficiência. Há muitas sugestões para os aperfeiçoamentos dos programas sociais que já se mostraram como mecanismos eficientes para atingir as camadas mais pobres da população.

Mas deve-se reconhecer que sem a melhoria do quadro econômico e a volta do crescimento econômico nenhuma programação agressiva do ponto de vista social seria sustentável no longo prazo.



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