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50 Anos da TV Globo e as Controvérsias

27 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Ninguém pode negar a importância que o Grupo Globo possui no Brasil, o que gera controvérsias diante do seu poder monopolístico privado num setor fundamental como o da comunicação social. E mesmo nos seus 50 anos de operação, raros aspectos que envolvem o Grupo podem ser devidamente debatidos, pois poucos se aventuram a tanto diante da possibilidade de serem esmagados.

O logotipo dos mais conhecidos no Brasil

Todos sabem que o que caracteriza o monopólio é uma participação expressiva num mercado, distante dos demais concorrentes, não sendo necessariamente a única. E quando ela é privada visando o lucro legítimo e está no setor de comunicação social, criam-se algumas situações que deveriam exigir uma regulamentação para preservar ao máximo o interesse público. Infelizmente, o poder decorrente desta situação é tamanho inibindo tanto o governo como as agências, que deveriam cuidar deste segmento, fazendo com que seus concorrentes não disponham das mesmas condições para uma saudável concorrência.

No segmento da televisão aberta ao público no Brasil, as autoridades procuram estimular as demais emissoras a ampliar suas atuações, mas o poder econômico da monopolista da TV Globo acaba exigindo que as demais se acomodem a esta realidade. Assim, alguns eventos de interesse de grande parcela da população brasileira acabam sendo obrigados a se acomodar às conveniências da monopolista. É o caso das transmissões das grandes competições esportivas, como as Olimpíadas de elevadíssimo custo, ou campeonatos de futebol, o esporte mais importante para os brasileiros. Apesar do horário inconveniente para muitos, as partidas mais interessantes só podem ser transmitidas a partir das 22h, quando terminam os horários de algumas novelas da TV Globo.

Apesar dos seus principais dirigentes alegarem que as novelas procuram reproduzir a cultura brasileira, o que se verifica na prática é que costumes vigentes em certas localidades do Rio de Janeiro, como Ipanema e Leblon, acabam sendo transmitidos até os confins do interior brasileiro, que tendiam a serem mais conservadores, estimulando comportamentos que não eram os usuais nestas localidades, principalmente entre os jovens.

Alega-se que a linguagem se tornou nacional pela influência da televisão. Num país de dimensões continentais como o Brasil, onde havia diferenças significativas, depois de alguns anos, observa-se a redução brutal das características locais que proporcionavam uma diversidade respeitável. Podem-se discutir suas vantagens e desvantagens.

Longas matérias foram publicadas sobre estes 50 anos, como no suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico, que é uma joint-venture do Grupo Globo com a Folha de S.Paulo. Ainda que sejam cuidadosas, naturalmente, referem-se somente à versão dos seus dirigentes, não mencionando outras existentes sobre determinados episódios. Como no caso das ligações com o grupo estrangeiro Time-Life.

Hoje, a TV paga também tem a sua importância e, além das estrangeiras, as mais utilizadas acabam tendo um nítido predomínio da TV Globo. Afirma-se que outros meios de comunicação social estão se multiplicando alinhando-se às novas tecnologias eletrônicas disponíveis, com participação crescente no mercado. O poder econômico acaba determinando vantagens ao acesso a estas tecnologias, e as iniciativas mais criativas acabam sendo absorvidas para as que contam com as vantagens das dimensões.

Ainda que esta presença marcante possa resultar em vantagens políticas, algumas campanhas locais mostraram que elas não são absolutas, podendo haver casos em que partidários defendidos pelo Grupo Globo não obtiveram sucesso. Mas, ninguém pode negar que a imagem de um governo pode ser fortemente afetada pelos meios de comunicação social, levando a uma situação de superavaliação das dificuldades ou das euforias.

Hoje, parece que a possibilidade de uma legislação que impeça a acumulação de muitos veículos de comunicação social, como existentes em alguns países, acaba sendo mais difícil diante dos interesses consolidados no Brasil. Numa democracia pluralista, parece que uma melhor distribuição do poder decorrente do controle da comunicação social acaba sendo algo desejável.



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