Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Evitando o Exagero no Artificialismo

15 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Ainda que as necessidades políticas exijam que existam produções locais para produtos acabados como componentes, o artificialismo não pode ser exagerado, pois acaba ficando insustentável.

HR-V já vem sendo produzido na Argentina

Ainda que 65% do modelo HR-V da Honda produzido na Argentina sejam destinados ao mercado brasileiro, os dirigentes desta empresa automobilística japonesa entendem que necessitam também estar com alguma produção naquele país. As empresas multinacionais precisam, mesmo com as dificuldades, estar presentes em todos os países, visando demandas de longo prazo.

O assunto foi objeto de um artigo de Rodrigo Cavalheiro, publicado no O Estado de S.Paulo, ainda que as produções destinadas à América do Sul estejam dominantemente no Brasil, que é o principal mercado destes veículos da Honda. De forma semelhante, também existem os chamados PCL – Programa de Componente Local para os equipamentos destinados à exploração do pré-sal.

Este assunto mereceu um artigo de Adilson de Oliveira, publicado no Valor Econômico, discutindo a política de conteúdo nacional, que está acima da atual realidade, notadamente depois da Operação Lava-Jato. Os investimentos a serem efetuados para estas produções locais parecem se situar muito acima do naturalmente possível, tanto pelos investimentos indispensáveis para programas de longa maturação como pela necessidade de envolver empresas estrangeiras que disponham de tecnologia para tanto. Também se tornam necessários volumes substanciais de financiamento para a produção destes equipamentos que demandam anos para a sua conclusão, até começarem a gerar receitas que permitam arcar com estes custos.

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Complexas plataformas indispensáveis para a exploração do pré-sal

Como o mercado de petróleo internacional envolve muitos riscos, principalmente pelas fortes flutuações como as que se registraram recentemente, além de operações de prazo longo exigindo longos financiamentos, cujas taxas de juros também tendem a variar no tempo. Não se trata somente da vontade de produção local, como disponibilidade de tecnologias e outras muitas outras condições para a sua viabilização. Se condições muito ambiciosas acabam sendo colocadas, são difíceis de serem sustentadas nos fortes ciclos que podem ocorrer.

Informa-se que a Petrobras está necessitando alienar muitos dos seus ativos para continuar com os seus investimentos, e o governo brasileiro, com a recessão que enfrenta atualmente, não conta com recursos para financiar todos estes encargos. Os desequilíbrios financeiros que estão ocorrendo acabam paralisando partes substanciais das empresas envolvidas, algumas também com problemas de corrupção. Há que se encontrar mecanismos para reduzir os prejuízos que já estão ocorrendo, separando as partes podres das que são saudáveis e indispensáveis para o futuro da economia brasileira.



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