Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Jamie Oliver em São Paulo

24 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: , ,

clip_image002Existem chefs com elevada capacidade de uso do marketing que nem sempre resulta em culinárias que sejam diferenciadas, principalmente quando efetuados em grande quantidade nos seus restaurantes.

Foto publicada na Folha de S.Paulo.

Num artigo publicado pelo crítico de gastronomia Josimar Melo na Folha de S.Paulo, respeitado pela sua independência, referindo-se ao Jamie’s Italian em São Paulo, menciona-se que no sausage papardelle com molho de linguiça como em outras massas faltam tempero e firmeza, pois não se trata de especialidade de Jamie Oliver, que é um bom marqueteiro que utiliza muito bem suas intensas aparições na TV. A íntegra do artigo está no http://www1.folha.uol.com.br/comida/2015/04/1620071-faltam-tempero-e-firmeza-as-massas-de-jamie-oliver.shtml.

Tendo experimentado algumas vezes os seus restaurantes em Londres, fiquei frustrado, pois as expectativas ficam elevadas com sua fama e o que é apresentado para o público em grande quantidade não a atende. Aparenta o que pode ser obtido em qualquer restaurante, sem nada de especial, sequer o uso de ingredientes naturais e frescos, mesmo não se tratando de pratos da culinária italiana.

Não somente ele como outros que aparecem muito nos programas de televisão, tanto no Brasil como no exterior, nem sempre contam com estabelecimentos que apresentam culinárias de alta qualidade. Estas dependem de uma dedicação em estabelecimentos menores que não conseguem ser reproduzidos em redes internacionais.

Os chefs que ficam mais conhecidos internacionalmente e que possuem restaurantes só podem atender às expectativas criadas quando possuem uma equipe eficiente que vem trabalhando por anos, sempre para um público mais restrito. A qualidade parece estar fortemente relacionada com a quantidade e não parece possível que redes possam mantê-la, principalmente quando são franchises que são operados por aqueles que tiveram somente rápidos contatos com os originais.

Isto vem acontecendo também com os estrelados que possuem estabelecimentos em algumas cidades mais exigentes e que possuem uma demanda elevada. Tenho experimentado em cidades como Tóquio, Londres, Nova York e Paris alguns estabelecimentos, mas, sem a presença constante destes chefs mais consagrados, não parece possível reproduzir o que se conseguiu no original.

Lamentavelmente, a gastronomia exige um acompanhamento constante, pois os ingredientes e todas as demais condições para uma boa culinária vão evoluindo muito rapidamente, dependendo também da exigência dos seus clientes. Os que aceitam simplesmente por causa dos nomes envolvidos ou de guias duvidosos que visam clientes eventuais, normalmente turistas, não atendem adequadamente aos mais exigentes.



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