Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lamentável Nova Guerra Fria

29 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , | 7 Comentários »

clip_image002A visita de Estado do primeiro-ministro Shinzo Abe aos Estados Unidos propiciou a divulgação da revisão do acordo militar entre os dois países, gerando reações fortes dos chineses.

Ministros Fumio Kishida e General Nakatani cumprimentam os secretários John Kerry e Ashton Carter depois do novo acordo

Os principais jornais dos Estados Unidos e do Japão publicaram com destaque o novo acordo entre os dois países, quando o SDF – Sistema de Autodefesa do Japão, com o suporte dos Estados Unidos, amplia suas funções que se restringiam às áreas próximas do arquipélago japonês para outras regiões.

Os Estados Unidos necessitam que seus aliados ampliem suas atividades, pois os seus encargos no Oriente Médio e na Ásia implicam em elevados custos, e os norte-americanos se recusam a enviar mais soldados para estas regiões, que acaba resultando na morte de alguns. Com isto, a aliança dos dois países se amplia também no chamado TPP – TransPacif Partnership com objetivo de aumentar o intercâmbio comercial em toda a região do Pacífico, visando estimular seus crescimentos econômicos.

Todos sabem que no pano de fundo de todas estas iniciativas está o aumento da importância da China, principalmente nesta região como em todo o mundo, inclusive na área militar. A reação dos chineses foi expressiva, como pode se constatar nas notas distribuídas pela Xinhua, sua agência oficial de notícias.

Tudo está colocando no contexto dos 70 anos do término da Segunda Guerra Mundial que deixou sequelas importantes contra o Japão, notadamente na China e na Coreia do Sul. Os japoneses reconhecem que houve dificuldades, mas o primeiro-ministro Shinzo Abe recusa-se a renovar as desculpas dos incidentes como os que envolvem as chamadas mulheres de conforto, que entende como uma atividade privada, quando foi promovida pelas autoridades militares japonesas. Também existem controvérsias como o massacre de Nanjing e tudo acaba refletindo até hoje nas disputas sobre algumas ilhas da região.

O fortalecimento das relações econômicas dos países do Extremo Oriente seria uma tendência natural, mas como assuntos de segurança militar acabam se relacionando também com os assuntos econômicos e comerciais, os confrontos entre os dois blocos, os Estados Unidos e seus aliados, acabam se agigantando contra a China.

Tudo acaba se colocando em termos geopolíticos mais amplos, renovando os climas como da Guerra Fria que, no passado, eram entre os Estados Unidos e seus aliados contra a Rússia e os países que recebiam seu suporte. Agora, transferiu-se nestes lamentáveis confrontos com a China, pois as lideranças acabaram se alterando, com a perspectiva dos chineses assumirem a importância mundial que já tinham até meados do século XIX. Com a Revolução Industrial, que ocorreu a partir da Europa, o quadro acabou se alterando, e, na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos consolidaram a sua liderança.

Espera-se que o processo de globalização, que veio se acelerando nas últimas décadas, proporcionando um desenvolvimento econômico expressivo com a melhoria do padrão de vida da população mundial, não venha a ser prejudicado por estas novas alianças dos japoneses com os norte-americanos, pois a Guerra Fria acaba prejudicando a todos no mundo.


7 Comentários para “Lamentável Nova Guerra Fria”

  1. jul
    1  escreveu às 20:25 em 29 de abril de 2015:

    Os Estados Unidos esta levando o Japão a um confronto com a China. E o único que vai perder com isso é o próprio Japão. Não dá para acreditar na inocência japonesa deixando se levar pela vontade dos Estados Unidos…

  2. Hugo Penteado
    2  escreveu às 09:58 em 30 de abril de 2015:

    Enquanto os maiores orçamentos empresariais do mundo forem o da indústria de armas (do Ocidente e do Japão) e do marketing (que torna qualquer porcaria contaminante destruidora em uma excelente idéia), a história lamentável humana na Terra (e seu possível fim coletivo) não muda.

    Os políticos trabalham para as empresas. Suas prioridades seguem os maoires orçamentos. Imagina uma produção cavalar no Ocidente sem guerras e conflitos no Oriente Médio e alhures para desovar ou justificar essa produção que grande parte fica engavetada, mas mesmo assim exige manutenção caríssima. Como por exemplo das dezenas de milhare de bombas nucleares. Só duas acabariam com o planeta. EUA e União Européia devem ter umas 100.000 delas. Precisam ser armazenadas, protegidas e de tempos e tempos trocar os refis. Para nada. Só duas podem ser implodidas. Não resta nada para fazer com a terceira.

    É o modelo econômico… de PIB baseado no inútil, em armas, em bancos que não pensam no social e… no jogar fora sem dó nem piedade, transformando a Terra em lixeira.

  3. Paulo Yokota
    3  escreveu às 17:50 em 30 de abril de 2015:

    Caro Hugo Penteado,

    Respeito os seus pontos de vista para fazer uma média com os de outros.

    Paulo Yokota

  4. João Baptista G L Almeida
    4  escreveu às 11:04 em 30 de abril de 2015:

    É lamentável assistir a prepotência dos EUA,se intitulando os xerifes do mundo.

  5. Paulo Yokota
    5  escreveu às 17:49 em 30 de abril de 2015:

    Caro João Baptista G L Almeida,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota

  6. Diego
    6  escreveu às 11:47 em 2 de maio de 2015:

    Por que lamentável?
    Oras, quem começou a política de Guerra Fria com o Japão foi a China nas disputas territoriais pelas ilhas Senkaku !
    O anúncios feitos durante a visita de Abe
    contribui para a sustentabilidade a longo prazo da presença dos EUA no Japão, garantindo a segurança de toda região em pelo menos quatro maneiras:
    1. Em primeiro lugar, as declarações que acompanham as orientações articular uma visão estratégica positiva que os dois países compartilham: “uma ordem internacional baseada em regras fortes com base em um compromisso com regras, normas e instituições que são a base dos assuntos globais e nosso modo de vida. ” Esta profundidade de propósito comum empresta a aliança uma durabilidade que faz com que uma crise ou mero desvio estratégico improvável para desalojar cada nação do outro.
    2. Em segundo lugar, a aliança é mais sustentável quando é mais forte. As orientações, especialmente a nova emenda, conjunto do governo coordenação aliança permanente mecanismo de torná-lo mais capaz e interoperável, e, portanto, aumentar o seu poder de dissuasão. Isso diminui tanto a probabilidade de uma crise em erupção como a chance de que qualquer crise potencial que poderia dar errado em uma maneira que rompe a aliança.
    3. Em terceiro lugar e relativamente, as orientações visam “promover uma Aliança mais equilibrada e eficaz”, comprometendo o Japão para vir em auxílio das forças dos EUA sob ataque mesmo se nenhum ataque armado contra o Japão tivesse acontecido. Este mecanismo contra uma disjunção potencialmente extrema na aliança em que o Japão estava preso em suas antigas restrições, não poderia ser usado para proteger os americanos em perigo. A situação de maior igualdade para a aliança ajuda a garantir o seu futuro a longo prazo.
    4. Finalmente, com a Declaração EUA-Japão referente a Visão Conjunta coloca “um passo histórico na transformação da parceria EUA-Japão.” É verdade que muito dependerá da implementação e pode ser atenuada por batalhas legislativas no Japão. Mas a aliança será revitalizada, fazendo a posição dos EUA na Ásia mais geograficamente distribuída, operacionalmente flexível, e politicamente sustentável. Entre muitas outras realizações, isso deve ser motivo de comemoração para aqueles que desejam uma região fora das ameaças chinesas.

  7. Paulo Yokota
    7  escreveu às 03:26 em 3 de maio de 2015:

    Caro Diego,

    Esta é uma questão que comporta muitos pontos de vista. No meu caso, acredito que o mais natural é os países procurarem alianças com seus vizinhos, como os Estados Unidos faz com o NAFTA. O Japão historicamente herdou uma parte substancial de sua cultura da Ásia como mantem relacionamentos comerciais mais intensos com a China e a Coreia do Sul. A Segunda Guerra Mundial deixou lamentáveis sequelas que necessitam ser superadas. Os Estados Unidos, depois de tentarem ser a polícia do mundo, não conta mais com recursos econômicos e humanos para manter guerras como o do Vietnã, Iraque, Afeganistão e necessita de recursos financeiros e humanos de seus aliados como o Japão. Uma parcela substancial dos japoneses, depois dos lamentáveis bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, são justificadamente pacifistas, entendendo que suas forças devem se restringir à sua defesa e não assumir encargos em áreas distantes do seu território. Sou daqueles que acreditam na força dos entendimentos diplomáticos como o Brasil veio resolvendo suas pendências com os vizinhos e mantem uma política internacional para se entender até com os países com os quais não concordam. Os norte-americanos estão muito divididos e desejam continuar com suas ações externas contando com aliados como os japoneses e australianos, mas não conseguem mais mantem seus interesses como demonstrado cabalmente no caso do AIIB, onde até os ingleses começaram a apoiar os chineses. Querendo ou não o mundo não pode ficar isolado da China, que até a Revolução Industrial teve sempre a hegemonia mundial. Leia, por favor, os muitos trabalhos importantes que estão na Biblioteca de Cambridge no Reino Unido, que concentra os trabalhos mais importantes sobre a longa história da China, que apesar da maior contribuição tecnológica para a Humanidade, e ter também o nome de País do Meio, não possui interesses imperialistas.

    Paulo Yokota

    Paulo Yokota


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