Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lições de Nepal e Arredores

27 de abril de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 10 Comentários »

clip_image002Quando se verifica que povos como os nepaleses lutam com condições geográficas das mais adversas e desenvolvem valores culturais e religiosos que impressionam o mundo, lamenta-se mais os fortes terremotos que os atingem e aumenta a nossa admiração.

Foto do terremoto que atingiu Nepal

Não conheço pessoalmente Nepal nem o Tibet, mas tenho um filho que passou um ano nesta região e mudou totalmente a sua vida. Apesar de formado em economia na FEA-USP, estando bem encaminhado na sua vida profissional para um cargo de destaque numa subsidiária brasileira de uma grande multinacional, optou por dedicar-se às atividades filantrópicas que o realiza como ser humano.

Ele se impressionou com o espírito fortemente espiritual predominante daquela região, que compreende o norte da Índia, Nepal e Tibet, que inclui a região montanhosa da Himalaia, independentemente da religião que adotam. Seria algo como inspirado no Mahatma Gandhi que justifica a insistência na preservação do budismo tibetano, apesar dos fortes esforços chineses para absorver esta região, o que mantém o Dalai Lama no exílio.

Há uma convicção que os seres humanos não se resumem na sua realização material com o progresso econômico. Valores espirituais e religiosos seriam mais relevantes e suas populações habitam áreas de predominância de elevadas altitudes, mas também fortes declives para seus vales, de onde se originam as águas que servem muitas regiões asiáticas, inclusive a China. Os chineses consideram estratégico o domínio do Tibet, pois seus grandes rios têm origem naquela parte do mundo.

Todos sabem que geologicamente os grandes picos, como os que existem na região do Himalaia, costumam ser relativamente novos e não foram desgastados pelo tempo, como ocorrem com as muitas avalanches que os atingem a cada terremoto. A vida nestas áreas está sujeita a estes dramáticos acidentes naturais e ainda assim suas populações não estão adaptadas para estes desastres, necessitando agora da solidariedade de todo o mundo que está se mobilizando em todos os países.

A lembrança de outros países privilegiados pela natureza, como o Brasil que não aproveita todas as condições que dispõe, é que nos leva a estas reflexões. Lamentamos com as nossas dificuldades que têm como responsáveis principais os seres humanos e seus comportamentos egoísticos. Pensamos exageradamente nos nossos confortos sem nos sensibilizar com as solidariedades com aqueles que não possuem bens materiais. O mundo ainda conta com distribuições muito desiguais dos benefícios quando haveria, no atual estágio tecnológico, condições para padrão mínimo para todos.

Lutamos para impor nossas convicções a outros, que necessitam optar por outras para se realizar como seres humanos. Gastamos mais com armamentos do que necessitaríamos para preservar a natureza em economias sustentáveis. Será que são suficientes para a felicidade de todos?


10 Comentários para “Lições de Nepal e Arredores”

  1. Liliane Pinho
    1  escreveu às 20:56 em 29 de abril de 2015:

    Discordo da sua crítica em relação ao Brasil. Temos a melhor engenharia civil do mundo, sendo que as nossas empreiteiras constroem prédios nos mais variados países. Aliás, nunca construiríamos usinas nucleares se o nosso país sofresse, constantemente, com sismos… Temos o povo mais solidário do mundo. Em março de 2011, o mundo viu o egoísmo dos japoneses para com os seus semelhantes. Vi uma reportagem no Jornal Hoje, que mostrava que foram os brasileiros residentes no Japão, que ajudaram os nipônicos. Foi uma matéria do jornalista Marcos Uchoa.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 04:50 em 30 de abril de 2015:

    Cara Liliane Pinho,

    Obrigado pelo seu comentário. No passado, quando estávamos construindo Itaipu, por exemplo, a nossa construção civil pesada utilizava tecnologia de ponta. Hoje, com a redução de grandes obras de infraestrutura a nossa tecnologia, lamentavelmente está atrasada. O Japão, por causa dos terremotos, acabou desenvolvendo uma tecnologia de ponta na construção pesada, como a que permite a construção dos trem rápidos usando a tecnologia do Maglev.
    Os poucos brasileiros que residem hoje no Japão (estão reduzidos a um terço do que já tivemos) realmente efetuaram alguns trabalhos isolados na assistência dos atingidos pelo tsunami, o que nos orgulha.
    A construção de edifícios de dezenas de andares que não caem com o terremoto depende de estruturas pré-fabricadas onde estamos atrasados e tentando recuperar (importamos muitos até da China). Eles são “amarrados” com fibras sintéticas de forma que não caiam com os tremores. Os desafios dos desastres naturais estão permitindo avanços tecnológicos.
    Acredito que temos flexibilidade para introduzir novas tecnologias que permitem construções de edifícios de dezenas de andares em poucos meses, o que atualmente no Brasil consome anos… Fui comissário do governo brasileiro para ciência e tecnologia no Japão e procuro acompanhar o que vem se desenvolvendo no Extremo Oriente. Com a atual elevação do custo da mão de obra no Brasil, acredito que vamos absorver muitas novas tecnologias e também desenvolver algumas.
    Além da imprensa diária, seria interessante que V. procurasse acompanhar as revistas científicas internacionais, como Nature, Science etc. Somente a patriotada não vai nos proporcionar avanços, precisamos intensificar as pesquisas e acompanhar o que está se desenvolvimento no mundo, pois estes aperfeiçoamentos estão acelerados.

    Paulo Yokota

  3. Lauro Moreira Neto
    3  escreveu às 16:39 em 30 de abril de 2015:

    A leitora Liliane Pinho não pode se esquecer que, no Brasil, um estádio de futebol semi novo (Engenhão) teve de ter a sua cobertura reforçada, por risco de desabamento. Outro estádio, o Mané Garrincha, menos de seis meses depois da inauguração, passou por uma reforma ao custo de R$ 150 milhões, por apresentar diversos problemas.
    Aliás, faça uma breve pesquisa na rede e a senhora descobrirá o quão solidários os japoneses são. Recentemente, o governo nipônico mandou equipes de resgate, além de dinheiro, ao Nepal.

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 17:48 em 30 de abril de 2015:

    Caro Lauro Moreira Neto,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota

  5. Alberto Mendes
    5  escreveu às 19:57 em 30 de abril de 2015:

    Paulo:

    Não ligue para a Liliane Pinho, pois ela deve achar que mora na Suíça…

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 08:52 em 1 de maio de 2015:

    Caro Alberto Mendes,

    Obrigado,

    Paulo Yokota

  7. Irene Assad Mello
    7  escreveu às 20:56 em 1 de maio de 2015:

    A Liliane Pinho deve de acreditar no maravilhoso Brasil descrito pelo PT…

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 03:29 em 3 de maio de 2015:

    Cara Irene Assad Mello,

    Não acredito que seja uma questão partidária, mas na média existe um grande desconhecimento dos brasileiros com relação à Ásia, razão porque mantenho este site.

    Paulo Yokota

  9. Horácio Almeida
    9  escreveu às 14:18 em 3 de maio de 2015:

    A Sra. Liliane Pinho acha que o Brasil tem a melhor engenharia civil do planeta? Será que ela não viu as imagens do Japão em março de 2011? Os prédios de Tóquio balançavam como folhas de papel e NÃO CAÍRAM!!!!

    Temos o povo mais solidário do mundo? Vai ver por isso que, por aqui, há tanto “jeitinho”…

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 07:47 em 4 de maio de 2015:

    Caro Horácio Almeida,

    Obrigado pelos comentários. A democracia permite diferentes pontos de vista.

    Paulo Yokota


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