Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mobilidade de Indústrias Intensivas em Recursos Humanos

29 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002 O jornal Valor Econômico publica matéria elaborada por Marcos de Moura e Souza informando sobre empresas e recursos humanos do Rio Grande do Sul que se transferiram há cerca de 20 anos para a China e hoje utilizam terceirizações no Vietnã, Índia e Etiópia, onde a mão de obra apresenta custos mais baixos. Algo semelhante ocorre com indústrias de confecções instaladas naquele país asiático.

Há cerca de 20 anos, quando operários e empresários da indústria brasileira de calçados, principalmente do Vale do Sino, no Rio Grande do Sul, sentiram que não seria competitivo exportar do Brasil, muitos se transferiram para a China e a cidade de Dongguan tornou-se uma com grande concentração de brasileiros. Muitos que lá se instalaram continuam exportando para os Estados Unidos e para a Europa grifes como Donna Karan, Kate Spade e Pour la Victoire, mas já utilizam terceirizações efetuadas com outros países asiáticos que contam com recursos humanos mais baratos.

O volume dos trabalhadores empregados na China por estas empresas, inclusive brasileiros, diminuiu sensivelmente e as comunidades dos que emigraram do Brasil já não são tão dinâmicas como no passado, ainda que já estejam integradas parcialmente na China, exercendo também atividades sociais. Algo semelhante, em outros setores de atividade, ocorre também no Japão com trabalhadores brasileiros.

Houve períodos em que calçados produzidos pelos brasileiros na China chegaram ao mercado nacional criando problemas com os produtores locais. Também a indústria de confecções da China de outras origens, como as japonesas, passam por mudanças semelhantes. Os custos dos recursos humanos na China mais que dobraram nos últimos anos, não se dispondo dos mesmos como no passado, que começam também a reivindicar regulamentações trabalhistas e assistências sociais. O que abunda na China são ainda recursos humanos do meio rural, que contam com restrições para se transferir para os centros urbanos.

É evidente que as tecnologias aplicadas na China também estão em transformação, com tarefas mais repetitivas empregando robôs. Parece inevitável que todos os segmentos industriais procurem sofisticações, o que ocorre com calçados finos, ainda que os comuns estejam melhorando em qualidade para atender os mercados consumidores.

Certamente, a mobilidade regional destas atividades intensivas em recursos humanos é mais acentuada do que aquelas em tecnologia. Mudanças deste tipo, ainda que difíceis, necessitam ser acelerados para permitir a sua sobrevivência dentro das condições vigentes na China.



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