Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Porque é Tão Difícil Desbancar Joseph Blatter da FIFA

29 de maio de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

clip_image001Apesar do clamor mundial, Joseph Blatter foi reeleito presidente da FIFA por um novo mandato de quatro anos. Qual o mecanismo que permite esta permanência tão longa numa entidade suspeita de muitas irregularidades?

Joseph Blatter após a sua reeleição, foto que ilustra matéria no site de O Globo

As notícias divulgadas sobre a eleição na FIFA informam que o presidente Joseph Blatter, apesar de todas as irregularidades que cercam a entidade, foi reeleito por mais quatro anos, com 133 votos na primeira votação entre 209 federações de futebol dos países de todo o mundo. Houve necessidade de um segundo turno, pois não se obteve os dois terços requeridos.

Com a desistência do opositor, o príncipe da Jordânia Ali Bin Al-Hussein para o segundo turno que seria decidido por maioria simples, Blatter já tinha obtido os votos necessários, apesar da contrariedade dos europeus que geram as maiores receitas de futebol do mundo, entre outros.

Nesta entidade privada, as federações possuem cada uma um voto, ainda que de países inexpressivos. A FIFA costuma conceder grandes favores aos dirigentes destas pequenas federações, como as frequentes viagens com toda a mordomia, além de recursos mínimos para a sustentação destas organizações. Como são representantes de países pobres, nem todos possuem condições para viagens frequentes para a Europa, que são consideradas grandes privilégios. Algo semelhante acontece com outras organizações, inclusive governamentais como as vinculadas às Nações Unidas.

Os controles destas entidades acabam interessando a dirigentes que possuem outros propósitos, como ficaram explícitos nas atuais investigações efetuadas sob o comando da FBI, pois na Suíça, onde a FIFA está sediada, elas estão isentas de impostos e fiscalizações. Esses dirigentes acabam influindo sobre patrocínios ou concessões dos direitos de transmissão dos eventos mais importantes, como a Copa do Mundo, que interessam a grandes empresas mundiais. Muitas entidades privadas acabam participando destas verdadeiras “festas”, inclusive em nível regional.

Todos sabem que grandes patrocinadores ligados a bebidas, a alimentos, a veículos, aos vestiários esportivos ou materiais esportivos possuem interesse no futebol, que tem uma grande visibilidade em todo o mundo. Muitos eventos futuros, como as duas Copas do Mundo, já estão comprometidos, envolvendo cifras gigantescas.

Sempre existem suspeitas de subornos para quem decide os locais dos principais eventos esportivos, inclusive as Olimpíadas. No caso do futebol, além da Copa do Mundo, existem também eventos regionais e outros interesses relacionados com as principais seleções de países.

Só os muito ingênuos podem acreditar que Joseph Blatter continua na FIFA pelo amor ao futebol. Na última Copa do Mundo realizada no Brasil, notou-se que esta organização possui poderes tais que exigem até alterações nas legislações locais, como as que proibiam o consumo de bebidas alcoólicas nos estádios.

Lamentavelmente, estes interesses escusos acabaram predominando novamente, mas as amplas divulgações das irregularidades detectadas vão acabando por exigir critérios morais mais importantes, até nos esportes profissionais que movimentam cifras astronômicas. Tenhamos esperanças que aperfeiçoamentos acabarão sendo introduzidos para minimizarem estes interesses particulares, ainda que estejamos tratando de seres humanos.



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