Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A China e Xi Jinping Não Brincam em Serviço

2 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Poucos dirigentes chineses acabaram concentrando tanto poder como Xi Jinping que no seu mandato está conduzindo a China por reformas substantivas, ajustadas às suas atuais necessidades e assustando o mundo.

A capa do livro

Na China recente, Mao Tsetung e Deng Xiaping são considerados os pilares que, bem ou mal, tiveram o comando da China para introduzir mudanças significativas naquele país. Xi Jinping parece estar figurando entre eles e talvez até possa superá-los, na medida em que conduz com mão de ferro a China para poder assumir a liderança mundial que ainda está com os Estados Unidos. Ele conseguiu tudo isto em menos tempo que os dois outros líderes citados.

Numa edição inusitada da Editora de Línguas Estrangeiras, Beijing, China, 2014, publica-se “Xi Jinping – A Governança da China” até em português, reunindo seus 79 pronunciamentos de novembro de 2012 a junho de 2014, abrangendo assuntos internos da China como sua posição no mundo, visando fornecer uma visão completa de suas ideias e do seu país. Uma edição primorosa com fotos significativas que impressiona os seus leitores com mais de 560 páginas.

Os 79 pronunciamentos estão agrupados em "Socialismo com características chinesas", "O sonho chinês, "Aprofundamento da reforma", "Desenvolvimento Econômico", "Construção do Estado de direito", "China culturalmente avançada", "Empreendimentos sociais", "Progresso ecológico", "Defesa nacional", “Um país, dois sistemas”, "Desenvolvimento pacífico", "Novo modelo de relações entre grandes países", "Diplomacia com países vizinhos", "Cooperação com países em desenvolvimento", "Assuntos multilaterais", "Estreitar laços com o povo", "Combate à corrupção" e "A liderança do PCCh". Não escapou nada.

Muitos críticos entendem que Xi Jinping já está promovendo o culto à sua personalidade, mas ele e sua equipe o fazem com competência, reconhecendo as dificuldades enfrentadas pela China. Lançam programas que empolgam muitos países no mundo, como a nova Rota da Seda, pelo continente e pelo mar, quando todos aspiram às melhorias de suas infraestruturas. Na América Latina, lança a rodovia que deve ligar o Atlântico ao Pacífico, que muitos consideram um sonho, mas que podem ser executadas por etapas beneficiando regiões intermediárias.

A China amplia a sua presença mundial com novas instituições financeiras como o AIIB – Asian Infrastruture Investment Bank, que recebeu surpreendentes adesões até de tradicionais parceiros dos Estados Unidos. E o New Development Bank, banco dos países do BRICS, onde a China acaba tendo uma forte liderança. Fora da China, Xi Jinping e seu fiel escudeiro Li Keqiang visitam os mais variados países do mundo, firmando inúmeros acordos bilaterais e multilaterais.

Internamente, a China, apesar da grande complexidade deste gigantesco país, consegue manter um desenvolvimento a uma taxa bem acima da média mundial, desenvolve uma gigantesca campanha contra a corrupção, tem o absoluto comando militar e do PCC – Partido Comunista Chinês. Não existe nenhum segmento no país onde seus fieis auxiliares não estejam presentes, concedendo todo o brilho a sua liderança.

Xi Jinping ainda está no início do seu período de liderança absoluta que habitualmente dura dez anos, tendo tempo para executar muito mais, mas também cometer alguns exageros. Parece cauteloso suficiente e conta com muitos auxiliares preparados, que já atuam há muito tempo com ele. Sua presença no mundo é marcante e dá a impressão de estar preparado para ser um grande estadista.

Ainda que a China esteja passando por um período de redução de sua taxa de crescimento, não seria de se esperar que mantivesse em torno dos dois dígitos por muito tempo. Como está executando mudanças para depender menos das suas exportações num mundo globalizado que enfrenta dificuldades, ainda conta com a possibilidade de melhorar sensivelmente o padrão de vida de uma grande parcela da população chinesa que vive no campo. O potencial de crescimento é elevado e ele está procurando relacionar-se com o mundo emergente, que ainda necessita melhorar suas economias.

Na nova economia mundial, sujeita a chuvas e trovoadas, sempre podem ocorrer surpresas, mas as condições que estão sendo preparadas parecem suficientes para um desenvolvimento sustentável, com menos poluição e cuidados para a economia de água, que é um fator escasso na China. O preparo dos seus recursos humanos impressiona, inclusive no exterior.

Os relacionamentos brasileiros, cautelosos, com a China continuam se intensificando, podendo proporcionar algumas vantagens para o Brasil, desde que se tenha também claro os objetivos que persegue.



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