Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Substanciais Mudanças na Economia Japonesa

1 de junho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , , , , | 6 Comentários »

clip_image001Há algumas décadas, quando discutia com meus amigos japoneses que eles deveriam transferir para o exterior, inclusive aos países emergentes, incluindo o Brasil, indústrias como as automobilísticas que continham pouca tecnologia e exigiram muitos recursos humanos, eles me perguntavam de que forma gerariam empregos para a população japonesa.

Marunouchi, centro atual de Tóquio

Sem que eu tivesse uma capacidade especial para antever o futuro do Japão em algumas décadas, os dados demográficos estão mostrando que aquele país está sofrendo uma sensível redução e envelhecimento de sua população, com duras consequências sobre a sua economia. São obrigados a se concentrarem em suas atividades capitais e tecnologias intensivas, reduzindo as atividades que exigem muitos recursos humanos,

Um artigo publicado pelo Nikkei Asian Review informa que, neste ano fiscal de 2015, as empresas japonesas devem aumentar em mais de 10% seus investimentos no exterior, sendo seu alvo principal a Ásia, notadamente o Sudeste Asiático. Mesmo com problemas políticos com a China e a Coreia do Sul, também nestes países os japoneses estão muito presentes. Somente os novos investimentos japoneses no exterior estão estimados para chegar a US$ 224 bilhões neste ano,

A moeda japonesa, o yen, desvalorizou-se mais de 10% somente neste ano, tendo chegado próximo de 125 yens por dólar, quando era de cerca de 110 no final do ano passado. Com isto, estão aumentando suas exportações, principalmente de equipamentos, como também recebendo um volume recorde de turistas estrangeiros que ajudam a manter a demanda local, pois populações idosas tendem a consumir menos.

Sua agricultura, hoje executada por muitos idosos, está se reduzindo e os japoneses são obrigados a importar toda a sorte de alimentos de todo o mundo, principalmente dos seus vizinhos asiáticos. Continuam intensificando o uso de robôs, pois não conseguem imigrações de populações jovens até para atender as necessidades dos seus idosos e doentes.

Como o volume de capital do Japão é relativamente elevado, os japoneses tenderão a manter o seu elevado padrão de vida com as rendas das aplicações que efetuam no exterior. Estão utilizando suas tecnologias avançadas para sustentar empreendimentos no exterior, mas muitas vezes lutam com dificuldades para se adaptarem às culturas locais, que diferem muito da japonesa.

Os investimentos no Japão estão concentrados nas atividades de tecnologia de ponta, inclusive em alguns serviços. São mudanças expressivas, fazendo com que a face do Japão venha a se alterar substancialmente nos próximos anos.


6 Comentários para “Substanciais Mudanças na Economia Japonesa”

  1. Eduardo Furtado Torres
    1  escreveu às 15:07 em 1 de junho de 2015:

    Amigo, só por curiosidade: quais os investimentos que os japoneses teriam na Coreia do Sul (citação do senhor)? Abraços.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:29 em 1 de junho de 2015:

    Caro Eduardo Furtado Torres,

    O Japão ajudou a Coreia do Sul na guerra com a do Norte, e todas as grandes empresas japonesas como a Hitachi, a Toshiba, Nec, Panasonic e centenas de outras efetuaram investimentos naquele país. Parte substancial das empresas coreanas atuais receberam tecnologia e treinamento de seus técnicos no Japão.

    Paulo Yokota

  3. Hugo Penteado
    3  escreveu às 09:32 em 2 de junho de 2015:

    Muito interessante. Alheio a visão por aqui, mas relevante também. Por que o sudeste asiático atrai investimentos e o Brasil não?

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 17:55 em 2 de junho de 2015:

    Caro Hugo Penteado,

    Tenho a impressão que consumimos mais do que produzimos, quando os asiáticos tendem a poupar um pouco mais para o futuro por terem passado por necessidades, diante das guerras e adversidades naturais. Esperamos que os problemas que estamos enfrentando vai no obrigar a moderar o nosso consumo, até porque estamos envelhecendo rapidamente e não temos como custear a aposentadoria de todos. Eu, particularmente, acho que a aposentadoria é um castigo, e os que não continuarem ativos tendem a esclerosar mais rapidamente.

    Paulo Yokota

  5. Hugo Penteado
    5  escreveu às 09:34 em 2 de junho de 2015:

    Dr. Paulo,

    Muito interessante. Alheio a visão por aqui, mas relevante também. Por que o sudeste asiático atrai investimentos e o Brasil não? Agora estamos recebendo investidas da China que não é uma moeda de troca, eles vão abrir nossas leis de imigração e ao invés de elevar o nível técnico e de emprego da população brasileira, parece que só irão nos expropriar mais ainda… o que acha dessa investida chinesa?

    Abraço Hugo

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 17:49 em 2 de junho de 2015:

    Caro Hugo Penteado,

    Para os japoneses o Sudeste Asiático é geograficamente mais próximo e como contam com países emergentes, com custos de recursos humanos mais baixos, existem muitas oportunidades competitivas. Lamentavelmente muitos custos brasileiros deixam empreendimentos sem condições de competição. Todos os estrangeiros, inclusive os chineses procuram retornos, e eles contam com perspectivas de prazos mais longos, na minha opinião. Também estão diversificando os ativos financeiros, muitos em dólares, que tendem a desvalorizar quando as autoridades americanas começarem a elevar os seus juros.

    Paulo Yokota

    Paulo Yokota


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