Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Difícil Processo de Globalização do Japão

27 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

clip_image002Qualquer sociedade e economia, sempre restritas a um arquipélago, têm dificuldade para se consolidarem num mundo globalizado. Ainda que o Japão tenha tentado se tornar um Império semelhante ao do britânico, não conseguiu o seu intento e agora procura novamente se adaptar a uma presença mais acentuada no exterior.

The Economist ilustra um artigo sobre a aquisição do Financial Times pelo grupo Nikkei com a foto acima, entendendo como uma parte deste processo de internacionalização

O Japão está sendo forçado a adotar esta posição, pois com o declínio e envelhecimento de sua população conta com poucas condições de continuar a contar com o seu mercado interno como fundamental. Até o momento, procurava intensificar os seus relacionamentos com o exterior via aumento de seus produtos no exterior, mas agora necessita mudar a qualidade desta mudança, passando a contar com grupos multinacionais que planejem suas atuações no exterior, além de atender as demandas de muitos países com produtos adaptados às suas necessidades, e não de origem japonesa.

Alguns grupos empresariais que eram japoneses, como o exemplo da AGC que tinha a sua base no Japão, adquiriram o controle de grupos no exterior, como a francesa Saint Gobain que passou a ter a base de sua direção na Europa com executivos estrangeiros, tornando-se a mais importante no mundo no setor de vidros para as mais variadas finalidades, contando inclusive com uma unidade industrial no Brasil.

Algo semelhante está acontecendo com a farmacêutica Takeda, que ainda tem base no Japão, mas adquiriu empresas nos Estados Unidos, como a Nicomed, e na Suíça, atuando mundialmente sem utilizar o seu nome original. Conta já com 40% do mercado brasileiro, sem que os consumidores saibam que são da Takeda japonesa.

Também no setor jornalístico, apesar da importância no mercado japonês e crescendo na Ásia, dirigentes do grupo Nikkei aproveitaram a ocasião em que o Financial Times, cujo controle acionário ficou disponível, para dar um passo importante para a ampliação de sua atuação internacional, com novas tecnologias como as versões digitais, o que é reconhecido pelo The Economist.

Parece ser a tendência natural para outros grupos japoneses que já contam com presenças internacionais, mas ainda continuam com suas sedes no Japão, basicamente com dirigentes japoneses. Se eles sonham se tornar realmente empresas multinacionais, certamente mudarão de orientação e parece que serão obrigadas a tanto pelas limitações da expansão do mercado japonês.

Os japoneses já foram importantes no exterior com suas trading companies e bancos, mas hoje não contam mais com esta importância diante de duas décadas de estagnação da economia japonesa. O caminho natural é que tanto suas instituições financeiras, comerciais como as formuladoras de novos projetos também sigam o caminho que já vem se processando no setor industrial e inclusive no setor de comunicação social. Parece que são tendências naturais dentro de uma economia globalizada.

Estas mudanças não são simples, pois envolvem aspectos culturais, sendo que a maioria dos japoneses ainda não possui vivências internacionais longas, inclusive de domínio dos idiomas ou conhecimentos antropológicos ou políticos. Mas os japoneses estão aumentando suas habilidades internacionais, obrigados pelas circunstâncias, o que certamente será mais fácil para as novas gerações.


2 Comentários para “Difícil Processo de Globalização do Japão”

  1. J. Bonavides
    1  escreveu às 13:58 em 27 de julho de 2015:

    A Asahi Glass comprou a belga Glaverbel e não a St. Gobain, que é francesa. A Nicomed é suíça e não norte-americana. Por favor, leia, mais uma vez, o seu artigo. A Asahi Glass continua sendo um grupo japonês.

    Consulte:

    http://www.agc.com/english/company/profile.html

    Corporate Profile
    Name: Asahi Glass Co., Ltd.

    Head Office:
    1-5-1, Marunouchi,
    Chiyoda-ku, Tokyo 100-8405 JAPAN

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:42 em 27 de julho de 2015:

    Caro J.Bonavides,

    Obrigado pelas observações.

    Sobre a AGC, as informações foram prestadas diretamente a mim pelo Sr. Kazuhiko Ishimura, que era o President & CEO, mas houve algumas mudanças posteriores, e ele continua desempenhando um papel importante. Vou procurar me informar sobre o que aconteceu, pois o site que V. indicou é de 2014 e indireta e a operação no Brasil é supervisionada pela belga.
    Sobre a Takeda, a Nicomed é suíça, mas contava com muitas subsidiárias, sendo que a que opera e supervisiona as operações no Brasil é dos Estados Unidos.
    Tenho mantido algumas reuniões com empresários japoneses como diplomatas e é um fato que procuram internacionalizar muitas das suas organizações, como também acontece com algumas brasileiras. Mas, concordo que as informações devam ser precisas e se eu tiver cometido qualquer engano, vou corrigir. Como estou acompanhando indiretamente as operações das duas mencionadas, tenho condições de obter até algumas informações que nem sempre são públicas.

    Paulo Yokota


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