Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldade Para Entender os Pessimistas do Setor Financeiro

31 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Mesmo que as condições macroeconômicas da economia brasileira sejam preocupantes, os poucos bancos privados do país continuam registrando elevadas rentabilidades nos últimos anos, até nos dois primeiros trimestres de 2015, beneficiando-se da elevação dos juros no país. Afirmam serem elas decorrentes de suas eficiências que devem ser reconhecidas e que se compararam com as das instituições financeiras internacionais.

Tudo indica que alguns dos empréstimos que foram efetuados por estes bancos encontrarão dificuldades futuras para serem honrados pelos mutuários, diante dos seus desequilíbrios financeiros, mas os eles já contam com reservas constituídas para fazer face a estes obstáculos, além de dispor de outros mecanismos para reduzir estas inadimplências.

Na realidade, mesmo nos períodos tumultuados das últimas décadas, os bancos vieram contando com elevadas rentabilidades, aumentando as tarifas sobre os seus serviços, o que é possível com a situação do que se chama oligopólio. Também contam com agilidade para se beneficiarem dos elevados fluxos financeiros internacionais sobre os quais resistem a qualquer regulamentação, quer do FMI – Fundo Monetário Internacional como do BIS – Banco Internacional de Compensações, o banco central dos bancos centrais.

Operações que foram efetuadas com o Brasil, contando com autoridades monetárias que favoreciam os bancos, chegaram a proporcionar rentabilidades em torno de 35% ao ano em dólares, onde parte era destinada até para as chamadas Mrs. Watanabe do Japão, que eram especuladoras que não estavam habituadas às operações financeiras internacionais.

Os maiores bancos internacionais afetados pelas inadimplências dos volumosos créditos que concederam até 2007 sobre empréstimos imobiliários, que começaram nos Estados Unidos, acabaram recebendo grandes assistências subsidiadas das autoridades monetárias de diversos países. Por serem gigantescas instituições e poderem provocar um risco sistêmico em todo o mundo, receberam tais assistências.

Muitos bancos foram condenados por manipulações nas taxas de juros como os chamados LIBOR – London Interbank Rates e até as taxas de câmbio quando do fechamento das operações no mercado. Admitindo suas responsabilidades mediante acordos de leniência acabaram pagando volumosas multas, mas que são menores dos que os benefícios que usufruíram.

Estes bancos, por contarem com profissionais altamente remunerados, têm condições para se beneficiarem dos movimentos de altas, inclusive especulativos. Também possuem agilidade para saírem de suas posições com mais alto riscos antes que se observem as quedas em alguns mercados, cujos prejuízos ficam com os operadores mais ingênuos que entraram quando o mercado já tinha proporcionado altos ganhos.

Estas instituições estão sendo beneficiadas com os elevados lucros obtidos pelos astronômicos fluxos financeiros internacionais, até nos períodos recessivos em algumas economias. O que pode ser interpretado como estranho é que muitos dos seus analistas disseminam informações superiores às existentes sobre a economia brasileira, agravando o que já é difícil, estimulando as elevações dos juros, diante dos riscos existentes.

O que parece fácil de constatar é que quando as demais empresas de algumas economias contam com baixas de suas rentabilidades, até ao nível dos prejuízos, os bancos continuam mantendo resultados que não correspondem à realidade.

É evidente que existem exceções entre os bancos que possuem comportamentos morais saudáveis, mas parece da sua natureza que procurem maximar seus resultados, ainda que as economias se ressintam de suas operações.



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