Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Futebol em Alta nos Estados Unidos

10 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Até os dirigentes do futebol nos Estados Unidos estão impressionados, pois a audiência nas televisões atingiram 26,7 milhões de telespectadores na partida final do Campeonato Mundial Feminino, na partida em que as norte-americanas ganharam das japonesas por 5 a 2 gols.

Comemoração da seleção norte-americana pelo título do Campeonato Mundial Feminino de Futebol em 2015

É verdade que esta partida tinha um gosto de revanche, pois as norte-americanas tinham perdido nos pênaltis para as japonesas em 2011. No entanto, foi uma surpresa que a audiência tenha sido a segunda depois do basquete norte-americano da NCAA, mesmo com sinais que o futebol estivesse em alta naquele país.

O assunto foi objeto de um artigo de Jonathan Clegg, no Wall Street Journal, mostrando que os esforços iniciados com a contração do Pelé estão sendo desenvolvidos por longo tempo nos Estados Unidos e estão sendo compensados. Até recentemente, as principais audiências estavam concentradas nas populações latinas daquele país e o futebol era considerado um esporte masculino, praticado especialmente nas escolas.

Com espírito comercial claro, como acontece em muitos países, os dirigentes norte-americanos transformam tudo em cifras que podem ser obtidos por este sucesso, tanto que as audiências são cotadas pelos custos para 30 segundos de publicidade nas televisões. O gráfico abaixo incluído no artigo demonstra o que foi obtido nos últimos eventos esportivos.

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Audiência obtida no jogo em que as norte-americanas venceram as japonesas foi de 25,4 milhões de telespectadores, só superada pelo basquete

O impressionante é que os dirigentes de futebol nos Estados Unidos possuem uma visão de longo prazo, muito diferente do Brasil. Mike Mulvihill, vice-presidente de programação e pesquisa da Fox Sports, admite que estejam ainda nos 20 ou 25 anos de um programa de 50 anos.

Existe uma programação para os próximos anos e desejam ganhar um lugar na Copa das Confederações de 2017, na Rússia, como um ensaio geral para a Copa do Mundo de 2018 no futebol masculino. Esperam que a Copa América de 2016 seja disputada nos Estados Unidos, para verem jogar Neymar e Messi. Apostam em grandes equipes masculinas e femininas para as Olimpíadas do Rio de 2018.

David Carter, especialista em esportes e negócios da Universidade da Califórnia do Sul, entende que o futebol não pode viver somente das Copas. A principal Liga norte-americana masculina já teve a média de 21.023 de público nos estádios, um aumento de 40% na última década, enquanto o público está minguando no Brasil. Os jogos dos campeonatos europeus estão sendo transmitidos nos Estados Unidos, com telespectadores em crescimento. Jogos de exibição do Manchester United e do Real Madrid chegaram a ter 109.318 pagantes no estádio, o maior num jogo nos Estados Unidos. São números como dos áureos tempos do futebol brasileiro.

As redes de televisão que estão transmitindo os jogos nos Estados Unidos aumentaram, e 30 segundos de publicidade na partida feminina com o Japão custou US$ 210.760, uma cifra pouco imaginável no Brasil. Na final da Copa do Mundo entre a Argentina e a Alemanha na rede ABC chegou a US$ 465.140.

Está se trabalhando na base e os jovens estão sendo atraídos para o futebol (soccer), havendo possibilidade de superar o futebol americano. Os especialistas estão usando o horário nobre para o futebol, o que no Brasil a principal rede de televisão ainda destina às lamentáveis novelas.

Depois de fracassos passados, nos últimos três anos formou-se a National Soccer League Feminina que na última temporada chegou a ser disputada com nove equipes e com a Copa do Mundo deve haver um novo boom.

O Brasil precisa aprender que a seleção principal só vai melhorar com a formação de uma base importante, envolvendo tanto os mais jovens, como também as femininas, fazendo o público voltar aos estádios, o que está sendo desestimulado até pelos comentaristas esportivos diante da violência. Não será dando tiro no pé que poderá se melhorar o futebol brasileiro, pois o público não pode ir aos estádios quando as partidas começam às 22h, com um monopólio não permitindo que outras redes transmitam os jogos em horários mais convenientes.

Não se trata somente de um esporte nacional, mas também um mínimo de inteligência comercial.



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