Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Não Existem Mágicas em Economia

28 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

 

Muitos são os exemplos recentes de ciclos que sugerem grandes impressões de prosperidade, com mercados diversos em altas, seguidas de explosões das bolhas que sempre acabam prejudicando os menos habilitados. As instituições financeiras, em qualquer das fases dos ciclos, conseguem manter os seus resultados contando com apoios das autoridades quando em crise, afirmando que sem estes socorros os desastres seriam maiores para todos.

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Não é de hoje a preocupação com os ciclos que a economia apresenta, sendo que Kondratiev já indicava em 1925 os chamados na época de longo prazo

Um artigo publicado por Stephen S. Roach, da Universidade de Yale, no site do Project Syndicate associa as dificuldades atuais que se propagam a partir da China com as medidas de expansão monetária chamada quantitative easing, tomadas pelos norte-americanos, japoneses, europeus e agora pelos chineses, que criaram a maior disponibilidade de moedas e créditos provocando bolhas que, por falta de sustentação do lado real da economia, acabam estourando.

Sempre prejudicam os que chegam depois, entusiasmando-se com os ganhos com as rápidas elevações das cotações meramente virtuais, enquanto os mais capacitados já estão saindo do mercado depois de realizarem seus lucros. Os menos informados acabam ficando com os prejuízos.

Isto ocorre em escala global na atual economia mundial, não se verificando somente num país, mas influindo outros mercados, pois existem volumosos fluxos de recursos entre diversas localidades. Os ganhos das instituições financeiras, tanto na alta como na baixa, decorre destes fluxos que impedem sua regulação mesmo pelas instituições internacionais como o FMI, o BIS e outros, que apesar de saberem da necessidade de regular este mercado não conseguem superar os interesses dos bancos. Estes fluxos são multas vezes superiores aos comerciais, somando trilhões de dólares diários.

Também se verificam excessos de consumos e investimentos, superiores aos recursos gerados pelas produções, provocando endividamentos que acabam ficando impossíveis de serem honrados. Quando ainda existem espaços para aumentos dos consumos, registram-se expansões nas economias, mas depois de instalado o problema, as soluções acabam exigindo grandes sacrifícios com depressões, desempregos e insuficiência de atendimentos sociais e previdenciários. Um exemplo disso é o que acontece na Grécia.

Estes ciclos proporcionam elevações dos preços das exportações quando em expansão. Muitos preços das commodities como as exportadas pelo Brasil geraram euforias, com alguns imaginavando que decorriam dos esforços locais, quando na realidade havia uma globalização crescente beneficiando todos os países. Os recursos proporcionados pela melhoria dos preços das exportações deveriam ter sido aplicados na melhoria de todas as condições para a continuidade do crescimento das mesmas, que estariam competindo com os demais países, mas foi destinada à melhoria do consumo.

O que está se verificando é que com as quedas dos preços as divisas geradas estão se reduzindo, e o câmbio vinha se mantendo com os influxos de capitais que exigem juros elevados. Isto vai reduzindo a capacidade de importação e desvalorizando o câmbio, provocando o recrudescimento da inflação, que é uma forma sofisticada de redução do salário real. Ainda não está se conseguindo as melhores condições para continuidade das exportações, notadamente de produtos industriais que poderiam criar empregos no país.

Lamentavelmente, também o efeito danoso dos usos de combustíveis fósseis está aumentando as irregularidades climáticas no mundo e tudo indica que deve haver um acordo mundial com metas para a sua redução da poluição. O pré-sal não teria mais condições para gerar os recursos esperados para a educação e para a saúde.

A falta de uma visão de longo prazo e diagnóstico correto do que esteja acontecendo pode fazer com que este estado depressivo seja mais longo do que o desejado. É preciso que as autoridades e a população saibam que não existem lanches grátis na economia, e que, para se colher melhor no futuro, há que se plantar agora mesmo com alguns sacrifícios.



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