Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Novamente Sobre os Bombardeios Atômicos

17 de julho de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , ,

clip_image002 Não se trata de masoquismo cuidar de assuntos tão lamentáveis com frequência, mas da necessidade de consolidar uma posição contrária às possibilidades de novos bombardeios atômicos. Artigos no suplemento Eu & Fim de Semana do Valor Econômico tratam do assunto com competência.

Uma foto dos estragos do bombardeio atômico sobre Hiroshima

Eu tinha somente sete anos em 1945, mas fiquei chocado vendo as fotos das vítimas das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki estampadas até nas revistas norte-americanas como a Life. Eram multidões de quase mortos, queimados e esfarrapados percorrendo os rios para minorarem os calores das violentas queimaduras, tomando águas radioativas, não sabendo que elas os levaria à morte. Os Estados Unidos ainda não se tinham dado conta de toda a extensão dos crimes cometidos e as revistas não estavam censuradas e algumas chegaram ao Brasil. Hoje, estão confiscadas e mesmo no Museu de Hiroshima que cuida do assunto não conta com as mais expressivas que nos levavam às lágrimas.

Os norte-americanos não sabiam de todos os efeitos das radiações, tanto que continuaram efetuando experiências em Bikini, expondo suas próprias tropas em distâncias variadas dos pontos das explosões atômicas. Mesmo sem saber todas as consequências, lançaram as bombas sobre a população civil de Hiroshima e Nagasaki, que continua sofrendo até hoje seus efeitos.

Um artigo bem elaborado por Shininchiro Nakaba está publicado neste suplemento Eu & Fim de Semana. Fazendo um bom apanhado do assunto, conta com o depoimento dramático de Tamiko Shiraishi, uma das vítimas sobreviventes que escondeu sua condição de hibakusha, como são conhecidas estas vítimas, por muito tempo e continua desenvolvendo uma campanha contra o uso de armamentos atômicos. Num momento crucial em que o governo Shinzo Abe amplia o uso do seu Sistema de Defesa, inclusive para atuação no exterior, suprindo a cobertura que os Estados Unidos não lhe pode mais proporcionar.

Também inclui o depoimento de Takashi Morita, que vive em São Paulo e organizou no Brasil uma entidade para defender os interesses das vítimas da bomba atômica que vivem no Brasil. Ele próprio foi atingido pelos efeitos do bombardeio sobre Hiroshima.

Até os usos pacíficos da energia atômica exigem cuidados especiais. A experiência de Goiânia, no Brasil, com um equipamento de raios X demonstrou, como em muitos outros casos, os desastres que podem provocar com erros e más informações.

Também permitiram a minha compreensão sobre Junichiro Koizumi, que sempre adotou uma posição contrária ao uso da energia atômica, quando veio examinar no Brasil a possibilidade do etanol como combustível não poluente como alternativa à ampliação das usinas atômicas para a geração de energia elétrica, a fim de evitar problemas como os que ocorreram em Fukushima.



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