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As Manifestações Populares deste 16 de Agosto no Brasil

17 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags:

clip_image002Ainda que possa haver divergências sobre os números dos manifestantes, principalmente se foram menores do que as anteriores, tudo indica que as reivindicações ficaram mais concentradas. Há dúvidas sobre as formas para o seu atendimento, bem como suas consequências.

Uma das fotos da manifestação na avenida Paulista neste domingo (Foto: EBC)

A Agência Brasil, que é oficial, postou uma matéria elaborada por Camila Boehm e Daniel Mello informando que a Polícia Militar divulgou que os protestos reuniram 275 mil pessoas na Avenida Paulista, quando em 15 de março último chegou a um milhão de pessoas. A estimativa da Datafolha foi bem menor, mas todos registraram que ela foi tranquila e era contra o governo e a corrupção, pedindo a saída da presidente Dilma Rousseff e do PT do governo.

Ainda assim, os analistas dos principais meios de comunicação social entendem que as reivindicações ficaram mais concentradas envolvendo também a figura de Lula da Silva. Algo semelhante se repetiu por muitas localidades brasileiras mostrando a insatisfação popular que já vinha sendo identificada pelas pesquisas de opinião pública.

A vinculação destas manifestações com os partidos políticos ainda são limitadas, mesmo que devam induzir o comportamento crítico de muitos congressistas e outros políticos. Os mecanismos existentes no Brasil exigem constatações claras de irregularidades no atual mandato presidencial bem como um processamento do assunto pelo Congresso Nacional, que demandará muito tempo, sem nenhuma garantia de que a decisão atenda estas reivindicações das manifestações populares por maioria absoluta.

Muitos dos manifestantes se mostram totalmente contrários à classe política, mas não existem mecanismos legais sem a participação dos políticos. Uma eventual renúncia da presidente Dilma Rousseff seria um mecanismo mais simples para a solução, mas ela vem afirmando que não cogita esta alternativa em hipótese alguma.

O problema num desenlace tão radical ainda levanta o que aconteceria com o novo governo, diante das limitações hoje existentes do ponto de vista econômico e financeiro. Se estas questões ainda não estão estudadas por nenhuma força política relevante, as atuais manifestações podem ter como consequência o mero registro da contrariedade emocional, sem nenhuma consequência operacional.

O clima até as novas eleições ficaria num nível de incerteza elevado aprofundando a crise existente, o que tende a agravar as dificuldades brasileiras. A política sempre é um processo dinâmico para encontrar mecanismos novos quando eles não existem, mas até o momento não parece razoável imaginar uma solução que não seja bem problemática.

O que vem se constatando é a falta de lógica no processo em andamento. Um impeachment depende do Congresso Nacional havendo necessidade de participação dos políticos, não tendo um consenso sobre sua eficácia, até o momento. Que o governo continuará sob pressão que podem ser crescentes não parece haver dúvidas.

No que se refere ao processo legal, o governo tinha obtido avanços, tanto com as vistas solicitadas no Superior Tribunal Eleitoral como pelo alívio no Tribunal de Contas da União. Mas todos sabem que os processos políticos nem sempre são lógicos, podendo haver um quadro emocional que crie climas diferentes e imprevisíveis.



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