Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Dificuldades Japonesas com o Diagnóstico do Ensino

3 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Mesmo admitindo que os japoneses conheçam melhor as mudanças a serem efetuadas no seu ensino universitário público, existem dúvidas se o que estão efetuando conduz a uma maior adaptação às necessidades do mercado globalizado.

Foto que ilustra matéria publicada no The Wall Street Journal sobre a procura de diplomados que atendam as suas necessidades para atuar no mundo globalizado

O artigo elaborado por Mitsuru Ono e publicado no The Wall Street Journal sobre parte da reforma que o governo Shinzo Abe está tentando introduzir no Japão deixa margens de dúvidas sobre a sua eficácia. Reconhece-se que as universidades públicas japonesas ficaram defasadas das outras internacionais de outros países, neste mundo atual globalizado, mas a redução das disciplinas de artes liberais em favor de programas de negócios que enfatizam a investigação ou a formação profissional não parece resolver os problemas que enfrentam.

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Tabela do ranking de universidades constante do artigo publicado no The Wall Street Journal

O primeiro-ministro Shinzo Abe solicitou que as universidades públicas japonesas, que somam um total de 86 instituições no Japão e dependem de recursos públicos, apresentem programas para inovações nas suas atuações. Ele procura maior dinamismo na inovação da economia com enfoque na pesquisa, melhorando a competitividade dos diplomados. Muitas empresas japonesas estão se entendendo com estas instituições universitárias para preencherem suas lacunas, visando obter recursos humanos com habilidades sociais e organizacionais para atuarem em equipe.

Como muitas das universidades brasileiras, as japonesas se tornaram burocráticas e ainda continuam nos ensinos acadêmicos ortodoxos, quando mesmo os que se voltam para os conhecimentos como de engenharia, física, química e matemática necessitam também de conhecimentos das ciências sociais, como política, economia, comunicações e história, entre outro, para atuarem dentro da realidade em que estão inseridos.

As influências das universidades norte-americanas conduziram para o excesso de departamentalização do conhecimento, sendo que as europeias conseguem proporcionar também conhecimentos de humanidades. Este site tem insistido que a SUTD – Singapore University of Technology and Design parece um modelo interessante ao juntar contribuições dos japoneses de fazer as coisas, norte-americanos do MIT – Massachusetts Institute of Technology (vamos publicar um artigo sobre o que lá está sendo efetuado), de uma universidade de administração de Cingapura e uma nova de pesquisas tecnológicas da China.

O que parece interessante é que os estudantes recebam um banho de realidade, não se restringindo somente aos conhecimentos de ciências exatas, pois nas empresas terão que trabalhar condicionados por estas restrições e onde os conhecimentos requeridos não são departamentalizados, tendo que atuar em equipes com outros profissionais.

O que aparenta ser carente no Japão é o estímulo para trabalhos criativos, onde os estudantes não se restrinjam aos padrões já existentes, que são meramente repetitivos do que já está consagrado. Ainda que algumas universidades como a de Ehime estejam procurando capacitar os seus estudantes para programas regionais, é preciso reconhecer que não se sabe antecipadamente aonde eles vão se realizar trabalhando depois de formados.

O decano do campus japonês da Universidade de Temple, Bruce Stronach, afirma que cidadãos produtivos são “aqueles que se envolvem na sociedade, entendendo as questões políticas e sociais do dia a dia, necessitando de conhecimentos de arte, literatura, história e ciências sociais (tradução livre)”.

Muitos estudantes, inclusive no Japão, ficam entediados com aulas discursivas, procurando conhecimentos em outras atividades dentro das universidades, inclusive em suas bibliotecas. Existem empresários que propõem maior interação com as universidades para explicitarem suas necessidades, além de completarem as pesquisas das quais carecem.

O que as universidades japonesas estão procurando é depender menos dos recursos oficiais, com o aumento das pesquisas e cursos efetuados com a colaboração de entidades privadas. No Brasil, também existem casos como a Universidade de São Paulo, que vivem exageradamente dos recursos públicos e seus administradores estão mais interessados na preservação de suas aposentadorias do que nas pesquisas e inovações nos cursos que proporcionam.



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