Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Problema do Câmbio no Brasil

10 de agosto de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , | 2 Comentários »

O câmbio brasileiro valorizado por um longo período causou problemas como a redução da importância da indústria brasileira que deveria se manter competitiva com o exterior, gerando importações e turismos desnecessários, ao mesmo tempo em que ajudava a manter a inflação local numa contenção razoável.

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Gráfico do câmbio que estava valorizado até jan/1999 foi desvalorizado até meados de 2003, começou a ser desvalorizado a partir de fins de 2011, e hoje está em torno de R$ 3,50.

Os operadores mais habituados com as análises do câmbio informam que as desvalorizações que ocorrem neste ano parecem já ter conduzido o dólar norte americano num nível razoável que permita um equilíbrio das contas externas do Brasil. As importações e os gastos de turismo no exterior já se encontram num patamar razoável e as exportações já começaram a reagir, notadamente dos produtos industriais, pois as commodities agropecuárias e os minérios dependem nas suas cotações mais de outras variáveis, como suas ofertas e demandas.

No entanto, uma exagerada flutuação é considerada inconveniente para os que atuam realmente com as exportações e importações, pois seus cálculos ficam com muitas incertezas, sendo desejável que ela flutue dentro de uma margem. No entanto, uma regra muito clara pode gerar especulações com os fluxos cambiais, permitindo que os operadores mais competentes atuem na arbitragem entre moedas, usufruindo ganhos sem elevados riscos cambiais.

Também a continuidade da desvalorização provocaria tensões inflacionárias desnecessárias, tanto pelo aumento dos produtos importados como as matérias-primas e componentes, como também provocariam altas dos preços das commodities exportadas em reais, que interessam também aos consumidores brasileiros.

Sempre é muito difícil se estabelecer qual o câmbio recomendável, e as autoridades brasileiras como os dirigentes do Banco Central do Brasil precisam acompanhar tanto o que vem acontecendo no país como também o que ocorre no mercado internacional, principalmente nos parceiros comerciais mais importantes do Brasil.

Os objetivos de política econômica não são poucos, pois se pretende que mantenha um desenvolvimento razoável, com a criação de emprego de qualidade no país, dependendo mais de sua indústria, ainda que a tendência seja de um percentual de cerca de 20% no PIB brasileiro. Os serviços tendem a aumentar a sua importância com a melhoria do seu nível de renda.

A complexidade da economia acaba estabelecendo diversas interligações que não dependem somente do governo, e as flutuações num economia de mercado são naturais, mas sempre existam meios para controlar de forma razoável estas variáveis mais relevantes para a economia, como o nível dos salários, os juros e os câmbios, que influem em todos os setores da economia.

Uma exagerada centralização dos seus controles acaba introduzindo dificuldades para as acomodações que necessitam ocorrer em todos os setores, não havendo governo que o consiga fazer, mesmo nas economias socializadas de forma eficiente. Mas, existe um razoável consenso entre os economistas quando as distorções estão exageradas, como estava no final do ano passado. As principais correções estão sendo feitas, mas existem ainda algumas resistências no Congresso, pois medidas de contenção fiscal também acabam sendo indispensáveis.


2 Comentários para “O Problema do Câmbio no Brasil”

  1. Boris Becker Marques
    1  escreveu às 11:12 em 11 de agosto de 2015:

    Obrigado pelo artigo. Gosto muito do seu blog e das contribuições que o sr. faz a nós, leitores brasileiros!

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 18:39 em 12 de agosto de 2015:

    Caro Boris Becker Marques,

    Muito obrigado pelo uso do site e pelo seu comentário. Procuro expor de forma clara e o mais isento possível problemas complexos que nos afetam muito. Paulo Yokota


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