Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Até os Alemães e a Indústria Mundial de Automóveis

24 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

O mundo está estarrecido com as graves acusações que recaem sobre a Volkswagen, parecendo que irregularidades semelhantes foram cometidas por outras indústrias automobilísticas, podendo enterrar o uso do diesel como combustível para os veículos.

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A capa da revista The Economist do próximo fim de semana

Sempre existem preconceitos como se os alemães e sua cultura influenciada pelo protestantismo desestimulassem fraudes como os que estão sendo constatados na Volkswagen e na indústria automobilística graças a uma atuação mais rigorosa das fiscalizações dos Estados Unidos. Até autoridades alemãs se mostram surpresas, chegando a imaginar que os problemas pelos quais estão passando possuem as dimensões dos refugiados do Oriente Médio e da África buscando abrigo na Europa.

A nova edição da revista The Economist levanta parte do véu que cobre o problema, sem conseguir dimensionar o que ainda se seguirá em toda a indústria automobilística mundial, acusada de abusos com a utilização dos combustíveis fósseis.

Dois artigos do The Economist, costumeiramente rigoroso nas suas elaborações, afirmam que os conhecidos NOx – emissões de óxidos de azoto dos veículos que saem dos escapamentos podem causar cerca de 58 mil mortes prematuras por ano somente nos Estados Unidos. A Volkswagen admitiu a fraude dos testes dos veículos a diesel realizados pelos examinadores norte-americanos como em outros países, com o uso de um software que era desativado depois, provocando uma emissão 40 vezes o nível permitido. Estima-se que o problema afetará outras empresas e o próprio uso do diesel.

O problema já provocou a demissão do presidente Martin Winterkorn e a Volkswagen providenciou uma reserva de US$ 7,3 bilhões para eventuais penalidades, que estão sendo avaliadas como pequenas. As ações da companhia já acusaram baixas de 26 bilhões de euros, caindo a um terço do seu valor anterior à divulgação do escândalo.

Além das mudanças de executivos bem como as penalidades, outras medidas poderão ser tomadas pelos que foram enganados, inclusive em outros países que já iniciaram as investigações, como a Coreia do Sul. O artigo informa que as fiscalizações europeias eram insuficientes. Além das poluições, a propalada economia de combustível não eram corretas. Nas estradas europeias, os consumos eram subestimados em 40% do que os anunciados pelos fabricantes.

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Gráfico ilustrativo do artigo mostrando a queda das ações

Tudo indica que haverá uma aceleração pela substituição por carros mais limpos, como de hidrogênio e eletricidades, ou híbridos, evidentemente com preços mais elevados. A ministra alemã do Meio Ambiente, Barbara Hendrick, declarou estar “mais que atônita”. O “Made in Germany” está em xeque como indicação de qualidade.

Além da indústria automobilística alemã, existem muitos interesses dos financiamentos atrelados às suas vendas como ao leasing, não se conseguindo avaliar corretamente o montante dos prejuízos potenciais. As autoridades alemãs estão procurando os bancos para darem apoio às empresas automobilísticas.

O que pode acontecer é que todo este problema vai ser uma forma muito dolorosa de acabar com o atual excesso de capacidade de produção da indústria automobilística mundial, muito superior à demanda atualmente existente. Nos países emergentes como o Brasil, menos exigentes nestas questões ambientais, a população terá ainda que arcar com a sua saúde às exageradas poluições de combustíveis como o diesel.



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