Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Discussões Sobre o Projeto Chinês do Silk Road

29 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Um artigo crítico escrito por Moritz Rudolf no The Diplomat, revista especializada em assuntos geopolíticos relacionados com a Ásia do Pacífico, comenta o projeto de Xi Jinping, que estaria enfrentando dificuldades com as atuais limitações de recursos até na China.

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Mapa ilustrativo constante do artigo no The Diplomat

O artigo menciona que Xi Jinping apresenta em visita a todos os países vizinhos da China a ideia de “One Belt, One Road” (OBOR), uma concepção geopolítica centrada no seu país, que chegaria à Europa por terra e por mar, reproduzindo o que os chineses conseguiram nos séculos passados com a colaboração dos árabes. Os novos investimentos em infraestrutura contariam com o suporte básico do AIIB – Asian Infrastructure Investment Bank que está sob comando chinês e conta com uma ampla adesão internacional.

O artigo menciona que os chineses já enfrentam problemas com a desaceleração do seu crescimento econômico, que afeta inclusive os projetos como os acertados com os russos, diante da limitação dos recursos disponíveis. Bem como colidir com a sua intenção de usar a demanda do seu mercado interno como suporte do seu desenvolvimento, quando este tipo de concepção se volta ao aumento de suas exportações. Ainda que existam muitos argumentos interessantes no artigo, tudo indica a existência de uma forte contraposição geopolítica, pois uma parte substancial destes investimentos visariam fornecimentos chineses de equipamentos, além de atenderem a demanda de muitos países.

Uma argumentação a favor dos chineses poderia ser a de que tal programa seria executado em etapas sucessivas, onde as rotas marítimas seriam mais importantes hoje que a terrestre, podendo beneficiar as economias regionais na medida em que fossem executadas. As insuficiências da infraestrutura parecem evidentes em todo o Sudeste Asiático, estendendo-se para a África e pelo Oriente Médio, o que ampliou a adesão internacional ao AIIB. A rota terrestre foi importante no passado, mas tanto a Ásia Central como a Europa Central apresentam, aparentemente, potencialidades menores, ainda que não possam ser desprezadas.

Também não se podem desconsiderar as ponderações apresentadas no artigo, com as dificuldades enfrentadas pela Rússia na Ucrânia, que apresenta outros problemas semelhantes com seus vizinhos. O artigo, no entanto, chama a atenção de Berlim e Bruxelas, apesar dos problemas, pois a intensificação do relacionamento da Europa com a Ásia sempre apresenta variadas oportunidades importantes do ponto de vista geopolítico.

Quando o mundo se encontra numa situação de falta de grandes ideias para o seu desenvolvimento, a de um novo Silk Road parece que precisa continuar a ser explorada, mesmo demandando maior tempo para a sua efetivação. Lamenta-se que estes programas não ajudem a América Latina e o Brasil, a não ser de uma forma tênue e indireta.



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