Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Envolvimentos que Distorcem Avaliações

25 de setembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias, Política | Tags: , ,

imageYuriko Koike escreve regularmente para o Project Syndicate e comenta a atual situação asiática, mas parece que a sua interpretação fica distorcida diante do seu envolvimento com o atual governo de Shinzo Abe e sua ideologia.

A parlamentar Yuriko Koike é uma das líderes do PLD – Partido Liberal Democrata japonês, ela que já foi ministra da Defesa e trabalhou na televisão

Yuriko Koike escreve regularmente no Project Syndicate e conhece bem a Ásia. Ela se mostra contrária à China e suas pretensões, listando países da região e explicitando sua posição que não há como acreditar no “século da Ásia”, mesmo com o declínio do poder dos Estados Unidos.

Informa que a Malásia e a Tailândia estão se debatendo com problemas, colocando em dúvida até Cingapura. Não acredita na Índia, com Narendra Modi, mesmo que de ideologia semelhante, e na Indonésia, com Joko Widodo. Acha que a Coreia do Sul não consegue conter as chaebols e que Shinzo Abe está conseguindo reformar o Japão com uma visão de longo prazo.

Ela teme as pretensões chinesas no Sudeste Asiático e confia demasiadamente no TPP – TransPacif Partnership, que também apresenta problemas com membros de interesses tão diferentes, mas o considera uma solução para se contrapor ao Silk Road dos chineses. No conjunto, não acredita na continuidade do crescimento da Ásia, e que o entendimento com os Estados Unidos é o caminho recomendável para os países asiáticos. Ela acha que Shinzo Abe está dando um exemplo para os demais líderes asiáticos. Parece evidente que existe distorção na sua análise da situação asiática.

Tudo indica que os problemas japoneses estão relacionados com a redução e envelhecimento de sua população, não havendo como elevar a taxa de natalidade. Eles não conseguem facilitar a imigração e a integração de outros asiáticos, o que torna tudo muito difícil para o Japão. Os Estados Unidos não podem continuar carregando seus aliados na Ásia e necessitam encontrar formas de convivência com a China, que ainda precisa melhorar o padrão de vida de uma parte de sua grande população, contribuindo para o seu desenvolvimento, que passa a depender mais do seu mercado interno do que de suas exportações.

Se até a Alemanha enfrenta dificuldades como a da Volkswagen, o Japão é obrigado a conviver com seus yakuzas, além de enfrentar problemas das regiões afetadas pelas contaminações radioativas, e parece indispensável imaginar-se formas de convivências com outros povos asiáticos, mesmo com diferenças ideológicas e políticas. Sem uma cooperação entre os mais importantes países do Extremo Oriente, isto se tornará mais difícil e o Japão não poderá liderar este processo, pois tem uma dimensão mais modesta. Sua aliança com os Estados Unidos não apresenta segurança total, na eventualidade de um confronto com a China.

Não parece que os conflitos sejam os meios adequados para a convivência, mas ações diplomáticas com todos que pensam de forma diferente das nossas convicções são imprescindíveis, ainda que tudo isto seja sempre difícil. Mesmo que isto não seja de agrado da Yuriko Koike, a Ásia, como veio conseguindo nas últimas décadas, principalmente com a China, continuará sendo um dos polos importantes para o desenvolvimento mundial.



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