Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Dois Vales do Silícios Existentes

11 de outubro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Dois jornalistas japoneses, Yuichiro Kanematsu e Mamiko Fujita, publicaram um interessante artigo no Nikkei Asian Review informando sobre a exuberante atração aos estrangeiros que o Vale do Silício está provocando. Mas observam que também existe um grupo fechado, onde somente convidados podem entrar e onde as informações mais estratégicas são intercambiadas.

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Gráfico constante do artigo no Nikkei Asian Review

O Vale do Silício exerce atualmente uma atração exagerada sobre todos que estão interessados nas inovações tecnológicas que podem transformar alguns jovens talentosos em milionários em pouco tempo. Afirma-se que a cada 30 minutos chega alguém, inclusive do exterior, que se tornam moradores da região. Um terço de sua população já é de estrangeiros, destacando os provenientes do México, da China e da Índia, como apresentado no gráfico acima.

Mas também outros países estão interessados em estabelecer relações que lhes permitam usufruir de suas vantagens. Cingapura lançou um programa em janeiro último para fornecer escritórios, fundos e assessorias para empresários de São Francisco, a grande metrópole mais próxima deste Vale do Silício. Alguns magnatas da Índia, incluindo executivos da Microsoft e da Google, procuram impulsionar estaturas tecnológicas internacionais nos Estados Unidos. O governo canadense assegura assentos em escritórios compartilhados para starups, oferecendo um programa de três meses para empresários do seu país conseguirem contatos com o Vale do Sicílio. Também, tardiamente, o Japão ajuda com um projeto 200 pequenas empresas japonesas a estabelecerem starups. Dirigentes como Narendra Modi, da Índia, e Shinzo Abe, do Japão, têm visitado a região, como até Dilma Rousseff o fez.

Tudo indica que esta onda deverá continuar por um bom período, pois vem se realizando sem interferência governamental, acumulando vantagens que vão se multiplicando. Mas é possível que algo semelhante venha a ser estimulado em outras regiões que contem com as condições lá existentes, como de grandes universidades voltadas às pesquisas, onde se destaca Stanford.

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Silicon Valley’s movers and shakers mingle at the Battery, an exclusive private social club in San Francisco’s financial. Foto do Battery constante do artigo do Nikkei Asian Review

O que o artigo informa, em parte baseado nas notícias do professor Daniel Okimoto, professor emérito da Universidade de Stanford, é que existe um clube fechado conhecido como “The Battery”, com cerca de 2 mil membros, onde só se entra convidado. Possui restaurante, ginásio de esportes, hotéis de luxo. O convívio dos seus membros facilita a troca de informações, além de eventos fechados que são promovidos em Havaí ou México para o fornecimento de informações estratégicas. Algumas festas são promovidas nas residências de alguns milionários.

O que o artigo informa é que o Japão não vem fazendo o esforço necessário para ter acesso a estes círculos fechados, o que faz com que existam dois Vales do Silicon. Na realidade, se o Brasil tem pretensões de se tornar um país desenvolvido, estes mecanismos também precisam ser imaginados.



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