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O Filme Olmo e a Gaivota

12 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image001Um filme como Olmo e a Gaivota é daqueles que forçam uma reflexão da parte dos espectadores, notadamente que se culpam por terem sido pais ausentes. Com a direção de Petra Costa e Lea Glob, reflete o período de uma gravidez complicada da personagem Olívia, uma atriz que está se preparando para participar da peça A Gaivota, de Anton Tchekov. Ela enfrenta uma gravidez com risco de aborto que exige o seu completo repouso. Seus principais atores são Olívia Corsini e Serge Nicolai, que dão nome aos personagens, dando a impressão que passaram realmente pela longa gravidez.

O cartaz do filme Olmo e a Gaivota

O sábio empresário japonês Toshiwo Doko, um importante guru para mim, admirava muito Margaret Thatcher. Para ele, somente as mulheres que passaram pela gravidez e pelas dores do parto seriam capazes de assumir posições como esta estadista inglesa. Os homens dificilmente entendem todos os problemas pelas quais elas passam, sacrificando seus projetos pessoais, como a sua carreira, para se doar para os seus filhos.

Sentem neste processo medo, incerteza, dúvidas e nem sempre recebem as atenções dos seus companheiros, que não entendem suas angústias e manifestações de inconformidades. Alguns caprichos acabam surgindo por alguém que está carente de compreensão.

Ainda vivemos num mundo predominantemente machista, onde o papel do homem num casal acaba sendo o de provedor dos recursos para a vida de todos, o que nem sempre é verdade. Mas tudo serve como escusa para o papel secundário deste período crucial da vida de uma família.

A interpretação dos atores é soberba, dando a impressão que no mínimo durante os seis meses da evolução da gravidez as mudanças no corpo da atriz são verdadeiras. A qualidade das discussões ocorre em alto nível intelectual, pois são utilizados problemas colocados por Tchekov como em outras peças do teatro clássico, que interpretaram ao longo de suas carreiras. Não é algo simples, sendo muito rico em conteúdo.

O cenário acaba sendo basicamente um apartamento em Paris, aproveitando-se vistas das ruas dos arredores como locais que são frequentados pelo casal, sem nenhum artificialismo. Os que não têm uma ideia de como vivem os habitantes daquela cidade podem ter uma noção do que é usual nestas localidades, inclusive com suas limitações.

É um filme que vale a pena assistir e refletir sobre o que está colocando, aparentando muito mais uma peça rica de teatro.



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