Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Que é o Estado Islâmico e por que Paris

16 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

imageAinda existe uma profunda perplexidade mundial com relação ao Estado Islâmico e sem entender um pouco do seu significado haveria dificuldade para se combater este extremismo inaceitável na França, como em outros países. As análises efetuadas por Foreign Affairs, como a que consta do artigo de Stephen M. Walt de Harvard (título em inglês: ISIS Revolutionary State), costumam apresentar profundidades que podem ajudar nesta compreensão parcial de um assunto tão difícil.

Segundo este autor, muitos estão vendo que as táticas e o radicalismo religioso do Estado Islâmico são exclusivamente desconcertantes e perigosos. Os seus dirigentes afirmam que querem eliminar os infiéis e estão implantando a sharia, o sistema legal do islamismo e com suas ações estão acelerando a chegada de Mahdi, o prometido, que os liderará para impor ao mundo as suas convicções. Superam em muito as crenças usuais islâmicas, até das outras radicais e com as divulgações de seus atos extremados conseguem muitos jovens adeptos em vários países, os niilistas que não acreditam mais nas soluções propostas pelas doutrinas políticas atualmente existentes no mundo. Eles se mostram interessados em estabelecer um Estado, chamados califado, no que diferem de outros grupos islâmicos em atuação. Isto consta do longo artigo publicado por Stephen M. Walt, cuja leitura integral é recomendada para os interessados no assunto e que se procura resumir em poucas palavras neste site.

O autor informa já ter havido outras tentativas revolucionárias na história quando se efetuaram estes movimentos com violências semelhantes, mas que não conseguiram seus intentos. A ideologia do Estado Islâmico é pouco elaborada e ações violentas contra ela poderia resultar em efeitos desastrosos aumentando o seu prestígio. Ele recomenda ações locais pacientes para provocar o seu desgaste.

Segundo o autor, a história ensina que quando um poder revolucionário assume por variadas circunstâncias uma região, acaba se desgastando posteriormente por não conseguir consolidar o seu poder de forma estável. É difícil agir de forma simplesmente racional ou acadêmico quando a França, que conta hoje com um significativo contingente de populações islâmica de todas as origens e árabes, foi atingida diretamente. E todo o mundo foi afetado pelo impacto emocional transmitido com grande velocidade dada a especial visibilidade de Paris. Isto certamente foi previsto pelos estrategistas do Estado Islâmico, que não podem ser subestimados.

O autor menciona o que costuma ocorrer com movimentos revolucionários como o do Estado Islâmico. O primeiro aspecto é que contam com a inabilidade nas mudanças dos atuais dirigentes considerados adversários, o segundo com a inevitabilidade da vitória com amplas adesões e terceiro que se tratam de situações que podem ser consideradas universais ocorrendo também em vários países. Não se pode considerar que os radicais sejam em tão grande número em todo o mundo, ainda que existam muitos insatisfeitos com a atual situação.

A presente situação apresenta a dificuldade de discriminar quem são os potenciais terroristas, pois eles estão entre os que foram para receber treinamentos em outros países, e se confundem com a grande massa de refugiados recentes, que não podem ser todos colocados sob suspeitas.

Num outro artigo publicado por Camille Pecastaing, da Johns Hopkins, publicado também no Foreign Affairs (título em inglês: France’s Bloody Friday), o autor informa que Paris tem sido palco de diversos incidentes graves e dramáticos desta natureza. Além da visibilidade internacional, a França conta com o turismo como importante atividade, pois é a que recebe em maior número no mundo.

O que ele ressalta é o fracasso do sistema de informações sobre atos terroristas de que tem sido alvo, pois não consegue coletar os dados sobre os suspeitos com antecedência. Também, como os armamentos são difíceis de serem obtidos na França, o seu contrabando não está sendo devidamente controlado, num país que é alvo frequente.

O grande problema é que a França conta hoje com mais de 6 milhões de árabes e seus descendentes, que não podem ser discriminados como decorrência destes atos criminosos. O atual governo francês não tem sido capaz de superar as dificuldades deste tipo que são frequentes e potencialmente perigosos. Parece que o Estado Islâmico escolheu o país e a cidade como um alvo estratégico para os efeitos que pretendia obter. Seria uma das razões para que não seja subestimado em sua capacidade.



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