Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Quando o Ótimo é Contrário ao Bom

1 de novembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Apesar dos os Estados Unidos continuarem sendo a maior potência econômica mundial, ameaçados nas próximas décadas pela China que apresenta dificuldades no avanço do seu sistema democrático, acaba ficando-se com a impressão que seus estrategistas geopolíticos como de seus aliados, como o Japão, também tropeçam nas suas contradições.

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Muitos interesses sobrepostos na Ásia e no Pacífico

Quando se acompanha de longe, como do Brasil, as discussões que estão se processando na Ásia, no Pacífico e no mundo, a impressão é de que as pretensões exageradas de se obter vantagens com as possibilidades de livre comércio acabam atropelando duras realidades impostas pelas proximidades geográficas.

Nos Estados Unidos, seus estrategistas geopolíticos parecem enfrentar as dificuldades de aprofundamento dos estudos diante da ampla diversidade de opiniões do seu regime democrático, o que acaba afetando até seus principais aliados como os japoneses ou ingleses. Os chineses e os russos, mais pragmáticos e baseados nas suas tradições de regimes duros e autocráticos, parecem mais objetivos nos seus propósitos, ainda mais localizados. Conseguem resultados específicos que as ações difusas dos Estados Unidos não neutralizam.

Dois exemplos parecem suportar esta tese. Na Síria, com toda a complexidade do Oriente Médio, os russos estão conseguindo aumentar suas influências quando os Estados Unidos acabam adotando a complicada política de apoiar facções locais que se posicionam contra o governo, considerado ilegítimo. Na Ásia e no Pacífico o TPP – TransPacific Partnership, que ainda passarão por difíceis resistências nos legislativos de muitos países, acabam sendo atropelados pelos avanços dos interesses da China, Coreia do Sul e do Japão, no Extremo Oriente, que já possuem expressivos intercâmbios econômicos e comerciais.

Um artigo publicado por Yuriko Koike no Project Syndicate, ela que tenta apoiar a política de Shinzo Abe, parece refletir parte destas dificuldades, ao tratar do TPP que força a transformação do Japão e não pode dispensar a participação da China e da Coreia do Sul, como originalmente se pretendeu.

Observando-se paralelamente o que acontece com a tecnologia dos trens rápidos, onde os japoneses chegaram com o Shinkansen aos padrões mais elevados de eficiência, mas perdem para os chineses diversos projetos no mundo, pois ainda que não sejam tão seguros, contam com custos competitivos, permitindo a participação dos parceiros locais que também pretendem dominar tais tecnologias. Parece sugerir que o ótimo acaba sendo contrário ao bom, como também se observa no campo geopolítico.

Parece que existe uma sugestão que interesses focados sejam mais eficientes que as pretensões de avanços muito globais. O fracasso das tentativas globais no âmbito da OMC – Organização Mundial da Saúde, como pretendido pelo Brasil, parece que está permitindo a multiplicação de acordos mais restritos de livre comércio, ainda que possam ser encarados como etapa para se chegar a algo semelhante em escala mundial.

Parece que o Brasil precisa aprender rapidamente esta dura realidade de muitos exemplos para procurar um pragmatismo que já tarda, tanto no posicionamento geopolítico como nos acordos de livre comércio.



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