Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Tentativas de Transformar Limão em Limonada

25 de dezembro de 2015
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

A sociedade brasileira parece bastante dividida atualmente entre os que desejam abreviar o mandato da atual presidente Dilma Rousseff Isto seria possível com o seu impeachment, que exige maioria absoluta no Congresso, que não aparenta existir. As dúvidas provocam uma perigosa imobilidade que se agrava na economia com o governo paralisado. O que se espera é uma milagrosa reversão da expectativa que deve ser tentada pelo governo. Mas, para tanto, parece necessário muito mais do que vem mostrando capaz de fazer.

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Presidente Dilma Rousseff

A recente mudança do ministro Joaquim Levy da Fazenda pelo ministro Nelson Barbosa parece indicar que Dilma Rousseff não dispõe de nomes para ajudar a reverter o quadro econômico que agrava o político. O novo ministro da Fazenda reafirma que a prioridade continua sendo o controle fiscal para não provocar maior pânico no mercado e que a tentativa será com o envio de algumas reformas fundamentais para o Congresso, mesmo não tendo ainda ambiente propício para suas aprovações. Ele até agora não revelou nenhum carisma para aglutinar mais apoios. Mas observa-se que entre os parlamentares parece existir uma esperança de uma austeridade menos dolorosa, o que seria quase milagrosa.

Se o governo conseguir formular uma reforma da Previdência Social que suavize o seu potencial de um déficit incontrolável, formular uma reforma para permitir o ajustamento entre empresários e empregados sobre o emprego que não leve o patamar do desemprego para níveis insuportáveis, consiga formular uma política de controle do endividamento público, entre muitas outras relevantes, pode conseguir a esperada reversão de expectativa. Mas isto costuma ser ações de um novo governo, como o que se tenta na Argentina. O atual governo, apesar de somente um ano depois de sua reeleição, já aparenta estar bastante desgastado. Seria necessário algo milagroso, como vem decorrendo da intervenção da Madre Tereza de Calcutá, que deve ser consagrada como uma santa, acima da compreensão científica.

Muitos entendem que o problema brasileiro é mais político que econômico e exigiria uma mudança radical de comportamento da presidente Dilma Rousseff que não aparenta ser afeita para tanto, pelo contrário. O seu quadro de ministros auxiliares no campo político, além de serem pouco considerados nos seus currículos com longas e eficientes atividades no Parlamento, principalmente. Mas muitos políticos experientes sentem as dificuldades presentes e não possuem propensões para o suicídio, preferindo sacrificar as mãos para salvar os braços.

Do ponto de vista econômico, mesmo com todas as dificuldades, começa-se a sentir os efeitos da forte desvalorização cambial que veio ocorrendo recentemente. As substituições de algumas importações começam a ocorrer, algumas exportações de produtos industriais reiniciam suas operações, as exportações de produtos agropecuários ficam mais compensadoras, os gastos como do turismo no exterior diminuem, os ativos no Brasil começam a ficar apetitosos para investidores estrangeiros. Como sempre, em economia, ao se desenhar a possibilidade de um novo quadro político, acabam ocorrendo muitas antecipações.

Parece indispensável que o governo consiga mudar os rumos do atual comportamento dos veículos de comunicação social, que se posicionam na sua maioria contra a situação. O governo insiste nas divulgações das ações que privilegiam os menos favorecidos, mas elas parecem insuficientes, e as novas classes médias acabam ficando frustradas com as perdas das conquistas que estavam conseguindo. Deve-se reconhecer que o quadro é extremamente adverso para a recuperação do governo.

Deve-se considerar que existem setores do governo considerados ativos, como na área da agricultura, meio ambiente e desenvolvimento, indústria e comércio exterior. O governo não vem se empenhando em destacar estes aspectos na mídia nacional de forma eficiente.

Parece conveniente que seus titulares sejam escalados para aparecer na imprensa, no lugar da presidente que sempre desperta ações contrárias. Seria uma mudança do tipo que Dilma Rousseff procura rejeitar, mas ela precisa se convencer que suas atuais tentativas proporcionam poucos efeitos líquidos.

Parece ser necessário ressaltar as necessidades brasileiras, mostrando que o governo está disposto a arcar com os custos no período restante do seu mandato para promover as reformas indispensáveis, por mais desgastantes que elas sejam.


2 Comentários para “Tentativas de Transformar Limão em Limonada”

  1. 1  escreveu às 21:37 em 25 de dezembro de 2015:

    A sociedade brasileira parece bastante dividida atualmente, será verdade mesmo?
    Oras, segundo pesquisa divulgada pela Datafolha, mais de 63% apoiam o impeachment de Dilma, ou seja, quase dois terços da população, valores que não deixam dúvidas, a população brasileira não está dividida de jeito nenhum!
    Se existe alguma dúvida, veja o link abaixo:
    http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/04/63-apoiam-abertura-de-processo-de-impeachment-aponta-datafolha.html
    Por que será que algumas pessoas ainda insistem nessa falácia de que a população ainda está dividida quanto ao impeachment, será ignorância ou má fé?

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 02:08 em 26 de dezembro de 2015:

    Caro Jose da Silva,

    Infelizmente pesquisas de opinião pública são indicações muito limitadas e não possuem a força que se pretende, devendo estes assuntos serem decididos pela maioria absoluta dos votos, mesmo de seus representantes eleitos.

    Paulo Yokota


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