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O Problema dos Recursos Humanos Estrangeiros no Japão

10 de janeiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002As condições a que estão sujeitos os trabalhadores estrangeiros no Japão são humilhantes e devem envergonhar os japoneses. O mínimo da legislação não é obedecido, e muitos japoneses fecham seus olhos para a lamentável situação.

Condições humilhantes de moradia de um trabalhador estrangeiro no Japão, na foto constante de um artigo no The Japan Times

Um artigo elaborado por Philip Brasos e Masako Tsubuku foi publicado no The Japan Times, cuidando parcialmente do assunto, informando que muitos estrangeiros que deveriam ser estagiários para se habilitarem em alguma profissão são utilizados como recursos humanos de baixo custo de forma irregular, não recebendo sequer o salário mínimo para tarefas duras e jornadas longas.

A carência de trabalhadores para tarefas pesadas não aceitas pelos japoneses são exercidas pelos estrangeiros, cuja estimativa oficial é de 790 mil, mas avaliados informalmente em mais de um milhão. São principalmente os de mais modestas qualificações que figuram como estagiários, com vistos temporários, mas irregularmente empregados para as tarefas mais duras.

O artigo não trata de uma das causas mais importantes para que esta situação perdure. No Japão, muitas tarefas são terceirizadas em mais de um nível e as irregularidades ocorrem com intermediários, que não se responsabilizam pelo cumprimento das legislações, mesmo sem o envolvimento das empresas maiores. Todos sabem destas situações, mas nada fazem para apontar as irregularidades.

Existem organizações, como a Japan Civil Liberties Union, que tentam corrigir estas distorções, mas a maioria dos japoneses fecham seus olhos para os problemas, pois estes pobres estrangeiros não são problemas com os quais eles precisam se preocupar. Uma regularização ajudaria a aumentar a situação legal auxiliando a economia japonesa, mas todos estes estrangeiros estão com vistos temporários e precisam aceitar condições humilhantes.

Os estagiários estrangeiros não estão adquirindo habilidades que os qualifiquem para trabalhar no seu país de origem, seja em atividades urbanas como rurais. O importante jornal japonês Asahi Shimbun constatou a situação de um trabalhador boliviano de ascendência japonesa que estava atuando na descontaminação da região de Fukushima, satisfeito com o salário de cerca de US$ 130 diários, quando a legislação estipula mais de US$ 208 para estas tarefas.

Muitas veze,s estes estrangeiros não possuem habilitação para reivindicar seus direitos no Japão, pois estão com vistos temporários, exercendo tarefas para curtos períodos. Muitas estrangeiras que falam japonês são empregadas para tarefas domésticas, inclusive para cuidarem de idosos doentes, chegando a salários de US$ 12,50 horários mais as despesas de transporte e se mostram satisfeitas.

No Japão, existem poucas empregadas domésticas para cuidarem da limpeza, e algumas aceitam trabalhar em diversas casas diariamente, usufruindo boas remunerações. Há empresas que cuidam destes assuntos, contando com 3 mil empregadas, principalmente filipinas, treinadas para um mínimo do domínio da língua japonesa. Se existissem mais trabalhadoras como elas, muitas japonesas poderiam ocupar outras funções em empregos temporários ou de tempo parcial.

A legislação japonesa não permite que estas empregadas domésticas morem nas residências. O turn over destas empregadas é elevado não permitindo um avanço na legislação.

O número de brasileiros, descendentes de japoneses, que trabalha com visto temporário renovado constantemente está diminuindo. Alguns já se tornaram semelhantes aos japoneses, formando famílias e seus filhos estudando até em respeitáveis universidades. Com a piora da situação no Brasil, é possível que alguns voltem a cogitar em trabalhar no Japão, apesar das dificuldade de idioma e outros costumes locais, mesmo para as tarefas mais simples, mas pesadas.

Situações semelhantes dos brasileiros repetem-se nos Estados Unidos e na Europa, sendo que muitos exercem tarefas informais com remunerações mais compensadoras.



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