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Livros Inesquecíveis Como de Umberto Eco

22 de fevereiro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

imageO Nome da Rosa, de Umberto Eco, foi um dos livros que me encantou ainda quando jovem, de quem não teve a felicidade de ser orientado adequadamente para a literatura, autor brilhante cuja morte foi noticiada pela imprensa.

Capa da edição brasileira do livro

Os nisseis da minha geração, nascidos antes da Segunda Guerra Mundial, tinham poucas orientações para as leituras, principalmente os que estudaram em escolas de comércio que os qualificavam a trabalhar desde os 14 anos por necessidade. Outros que tiveram a felicidade de estudar mesmo em escolas públicas, como o conhecido Roosevelt em São Paulo, contaram com professores que recomendavam leituras básicas da literatura mundial. Ainda assim, alguns livros fundamentais fazem parte da minha lembrança.

Além dos de aventuras que interessavam a todos os jovens, lembro-me do encantamento provocado na minha infância pelo O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, sucesso justo que perdura até hoje. Já como jovem, a leitura de O Nome da Rosa, de Umberto Eco, permaneceu na minha memória, pois mostrava a importância do conhecimento para o exercício do poder, e como ele era manipulado, até provocando a morte dos que se aventuravam a contrariar o mainstream da época.

Quando visitei a Áustria, fiz questão de conhecer a Abadia de Melk, que conta com uma das antigas bibliotecas, que teria inspirado Umberto Eco para escrever O Nome da Rosa. É evidente que os livros antigos estavam expostos, mas não eram acessíveis para o público. Só ver um acervo daquela natureza gerava uma emoção inigualável.

Considero os maiores crimes da história da humanidade as destruições criminosas das bibliotecas de Alexandria, no Egito, e de Constantinopla, no Império Otomano, que eram os depositários de conhecimentos acumulados por longo tempo. As intolerâncias imaginavam que podiam eliminar os conhecimentos com estes incêndios.

Umberto Eco relatou que as páginas dos antigos pergaminhos estavam impregnadas por substâncias mortais para desavisados que ousavam tentar ler o que estava condenado pelos detentores do poder da época, ainda quando os conhecimentos estavam reservados aos que administravam estas bibliotecas.

Ainda hoje, esta é uma triste realidade. Joan Robinson, uma famosa acadêmica inglesa de economia, informava que estudou economia para não ser enganada pelos economistas. Alguns magistrados ainda mantêm sigilosas até as acusações que pesam sobre possíveis criminosos, vazando para a imprensa somente o que lhes interessam, na esperança de provocarem novas delações premiadas para reforçar as provas ainda insuficientes em alguns processos.

Muitos acadêmicos procuram manter o monopólio dos seus conhecimentos duvidosos, utilizando-os como meios para as disputas políticas. Parece que a humanidade ainda não absorveu totalmente os preciosos ensinamentos de Umberto Eco.



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