Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A dimensão dos Paraísos Fiscais para o The Economist

8 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image001O novo número do The Economist do próximo fim de semana traz informações sobre o processo de divulgação de 40 anos de dados do Mossack Fonseca, que ficou conhecido como Panamá Papers, com a ajuda do Süddeutche Zeitung e o ICIJ – Consortium of Investigative Journalists, Ilustração do artigo publicado no The Economistincluindo até jornalistas brasileiros. Seriam 11,5 milhões de documentos expondo riquezas ocultas de políticos e empresas, envolvendo profundamente o sistema bancário mundial. Mais de 140 figuras políticas internacionais já apresentam ligações com empresas atendidas pelo Mossack. (Ilustração do artigo publicado no The Economist)

As informações atuais afetam personalidades relacionadas com autoridades russas, como Vladimir Putin, e até parentescos com as chinesas, como Xi Jinping, tendo provocado a primeira vitima no comando da Islândia. Exige esclarecimentos até de David Cameron no Reino Unido, apresenta relacionamentos com Bashar al-Assad na Síria e envolve dirigentes da FIFA e personalidades conhecidas como Jackie Chen e Pedro Almodóvar. Mais de 200 mil empresas estão mencionadas nos registros e muitos grandes bancos internacionais já multados em outros países voltam à pauta. Nada aparenta escapar das suspeitas, ainda que possam existir operações legitimas.

400 jornalistas estão envolvidos nas investigações estabelecendo com a ICIJ um novo padrão de trabalho de cooperação internacional. Detalhes opacos de milhares de empresas offshore, fundos fiduciários e fundações usadas pelos clientes da Mossack estão sendo investigados.

O potencial dos danos é incalculável. Certamente, o uso dos paraísos fiscais deve entrar em declínio, sabendo-se que autoridades, como as japonesas, já proporcionavam um tratamento diferenciado às empresas que operavam nestes locais há décadas, o que se justifica totalmente com o que está sendo conhecido.

A Mossack Fonseca alega que ela em si não atuava em nada ilegal, só proporcionava condições a quem desejasse operar nestes paraísos fiscais, sem que suas operações ficassem conhecidas. Pode-se alegar que a Suíça já utilizava desde o passado mais longínquo a sua credibilidade para atender até autoridades nazistas. Vladimir Putin atribui estas divulgações a uma conspiração capitalista, o que até soa ridículo. Os chineses vetam a divulgação destas informações no seu país.

No Ocidente, os eleitores irritados com os banqueiros e políticos atribuem todas as ordens de dificuldades pelas quais passam aos abusos cometidos com a opacidade. Livros são publicados atribuindo às operações financeiras offshore um objetivo de prejudicar os contribuintes por iniciativa das elites.

Qualquer que seja a evolução em curso, parece previsível as mudanças de muitas coisas, pois não parece possível que tudo permaneça sem aperfeiçoamentos depois do terremoto pelo qual o mundo está se começando a passar. Espera-se que os culpados superem ilesos, como aconteceu com a crise financeira de 2007/2008, quando até foram beneficiados pelas autoridades, diante de riscos sistêmicos.



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