Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Enciclopédia Desejável dos Ricos Ingredientes Brasileiros

14 de abril de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Gastronomia | Tags: , , ,

clip_image002O Brasil é certamente um dos países do mundo onde se conta com uma das mais ricas biodiversidades, mas poucos são os estudos para promover sua catalogação. O que está publicado na seção Comida da Folha de São Paulo poderia ser enriquecido paulatinamente, pois se trata de uma tarefa gigantesca.

Foto da criação da chef Bel Coelho, com pintado grelhado e caapeba salteada, farofa de jatobá e purê de banana da terra, publicado no artigo da Folha de S.Paulo na seção Comida. Foto de divulgação de Sergio Coimbra.

Luiz da Câmara Cascudo foi certamente um dos brasileiros que ampliou a possibilidade de conhecimento do Brasil, restrita somente à herança dos portugueses e europeus para incorporar o que acontece no interior deste imenso país. Mais recentemente, muitos chefs, inclusive internacionais se impressionam com o que lhes foi apresentado pelo Chef Alex Atala, mostrando parte do que está disponível, notadamente na Amazônia. Lamentavelmente, não existe uma produção comercial visando o mercado interno como internacional, e sem o fornecimento destes ingredientes não há como ter consolidado uma produção gastronômica de importância.

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Uma loja em Manaus apresenta uma grande diversidade de fruta amazônica, numa foto constante do artigo publicado no site da Folha de S.Paulo Foto: Alberto César Araújo/Estadão

Alguns chefs isolados, como Bel Coelho, vêm utilizando a televisão para mostrar a riqueza do interior brasileiro que vem sendo utilizada pela população e poderia ser disseminada pelo mercado brasileiro. Algumas feiras têm sido aproveitadas para estas divulgações, e iniciativas limitadas como do chef Alex Atala ajuda a mostrar mercados como o de Pinheiros. Mas a imensidão do que existe torna estes esforços ainda insignificantes.

Tendo trabalhado no Banco Central do Brasil com o crédito rural e outros programas, e exercido a função de dirigente do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, entre outros cargos, tive a oportunidade de percorrer o Brasil de Norte a Sul, passando pelo Nordeste, Centro Oeste e Sudeste, bem como as fronteiras internacionais do país com nossos vizinhos. Estas oportunidades proporcionaram a possibilidade de conhecer parte do que se dispõe no país, que é incalculável.

Os índios conhecem uma parte, outros que ajudaram a ocupar este imenso território tiveram contato com outra, mas o grosso que utiliza esta rica biodiversidade como ingredientes de alimentos e medicamentos ainda se restringe ao usados no litoral, por aqueles que vieram de fora. Apesar dos esforços como do INPA – Instituto de Pesquisa da Amazônia, da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, o conhecimento ainda é limitado, havendo necessidade de um esforço nacional ao longo de muitas décadas para inventariar tudo que se dispõe.

É claro que as divisões por biomas como da Amazônia, Pantanal, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampas ajudam no conhecimento de parte do que se dispõe, mas parece necessário reconhecer que se conta com muitas Amazônias, muitos Cerrados por este Brasil afora. E que pode ajudar no desenvolvimento do país.



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