Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reformulação Mais Ampla na Petrobrás

21 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

pedroTodos os brasileiros devem ficar emocionados quando um executivo consagrado como Pedro Parente (foto) aceita a missão de reformular a atual Petrobrás, mesmo com sacrifícios pessoais e familiares. Mas parece indispensável pensar numa reformulação mais ampla que a eliminação das indicações políticas, pois o petróleo deixou de ter a importância estratégica que tinha para o país quando da criação desta estatal, dentro de uma onda nacionalista que não se justifica mais no atual mundo globalizado. 

Quando muitos pensam em assumir cargos importantes no Brasil para enriquecerem seus currículos ou se beneficiarem pessoalmente ou ao seu grupo, ainda existem executivos consagrados como Pedro Parente que não precisam comprovar suas qualidades e o fazem, com sacrifícios pessoais, pensando nas conveniências do país num prazo mais longo.

Com os abusos que foram registrados recentemente, as reformulações necessitam ser profundas, envolvendo inclusive o papel simbólico que esta estatal ainda tem no Brasil. Ela foi criada dentro de uma ampla campanha nacionalista, como em outros países como o México, quando o petróleo possuía uma importância política e estratégica internacional que não tem mais. Outras fontes de energia menos poluentes se tornaram importantes, deixando de necessitar de monopólios estatais ineficientes e de alto custo.

Ainda que o Brasil disponha de reservas detectadas de petróleo, como no caso do pré-sal, avaliações não emocionais precisam ser efetuadas, para comprovar retornos sobre pesados investimentos para os quais não se dispõem dos recursos indispensáveis que necessitam ser partilhados com grupos privados, nacionais e estrangeiros.

O atual governo interino parece consciente que terá que intensificar a privatização de segmentos que não se justificam mais, como sua influência decisiva na petroquímica, no aproveitamento do gás e até nas redes de distribuição dos combustíveis, onde o setor privado está presente de forma crescente. Privatizações ousadas e novas concessões terão que ser efetuadas, reduzindo a importância de uma burocracia que conta ainda com privilégios incompatíveis. As pesquisas se tornam cada vez mais importantes.

Como tudo isto envolve definições políticas de mais alto nível, o cargo de presidente da Petrobrás acaba tendo importância não somente no Brasil como nas competições internacionais para provar que ela é competitiva. Envolvida em problemas em países que são mais exigentes nos usos de recursos do mercado de capitais, como os Estados Unidos, terá que arcar com pesadas responsabilidades das mazelas cometidas de forma abusiva. Não há como sustentar privilégios dos seus funcionários e dirigentes que se estendiam por paraísos fiscais, sem a transparência indispensável.

Os desafios são gigantescos e comprometem o Brasil, muito mais do que os políticos e a opinião pública brasileira teria condições de compreender.  



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