Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Relacionamento da Alemanha com a China

4 de maio de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image001O historiador Klaus Larres, consagrado professor da Universidade de Carolina do Norte, escreveu um artigo publicado pelo Foreign Affairs informando que a Alemanha mantém um relacionamento intenso com a China.

O historiador Klaus Larres, da Universidade de Carolina do Norte, analisa o relacionamento da Alemanha com a China

Ainda que os Estados Unidos mantenham com a China um relacionamento apresentando contradições em decorrência das divergências sobre a presença no Mar Sul da China, a Alemanha, que é inegavelmente a líder da Europa, vem mantendo um intenso relacionamento com aquele país. Como muitos brasileiros se preocupam com o elevado envolvimento do Brasil com a China, sempre é confortante saber que não estamos sozinhos, mesmo com riscos, inclusive ideológicos. O fato é que a China já é a segunda economia do mundo, e continua crescendo mesmo com suas dificuldades, podendo superar os Estados Unidos em algumas décadas.

Das exportações da União Europeia para a China, 45% são da Alemanha, e as importações representam 28%, pelos dados de 2013. São intensos os intercâmbios entre os seus dirigentes, com Angela Merkel tendo feito oito visitas oficiais àquele país, o que já era comum entre os seus antecessores. Mais de 5.200 empresas alemãs estão na China, enquanto 900 chinesas estão na Alemanha. Pretende-se manter consultas oficiais anuais entre os dois países.

Em outubro de 2015 foram assinados 13 grandes acordos somando 18 bilhões de euros, inclusive o fornecimento de 130 Airbus que somam 13 bilhões de euros. As bolsas alemãs operam com o yuan. Os alemães mencionam os problemas políticos da China de forma mais diplomática, inclusive os relacionados com os direitos humanos, referindo-se aos problemas que tiveram na Alemanha Oriental.

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Angela Merkel tem abordado assuntos delicados do passado de forma respeitosa e cortês

 

Angela Merkel tem falado de forma franca e firme sobre os valores da democracia Ocidental com expressões como “É importante que os cidadãos possam acreditar no poder da lei, e não na lei do poderoso” ou “Você precisa de uma sociedade aberta, pluralista e livre, a fim de moldar o futuro com sucesso”, como expressou na importante Universidade Tsinghua.

Em junho deste ano, Angela Merkel vai discutir, provavelmente, os problemas econômicos da China, onde o relevante é a consideração dela ser uma economia de mercado, para fazer parte integral da Organização Mundial de Comércio, que já foi reconhecido para os chineses pelo Brasil. As questões territoriais e a liberdade de navegação no Mar Sul da China deverão ser tratadas a portas fechadas, sabendo-se que a Alemanha não dispõe de força naval como os Estados Unidos, França e Reino Unido.

Também deve haver um apelo para a China exercer um papel mais importante no Oriente Médio, sabendo-se que a Alemanha apoia o projeto de China One Belt, inclusive do novo Silk Road.

No fundo, ainda que não se concorde com tudo da China, há que se manter entendimentos para beneficiar o mundo, sem provocar um confronto como o que vem acontecendo com os Estados Unidos. As dificuldades internas da China aumentam os riscos de sua radicalização, com retrocesso aos aspectos que vigoravam na época de Mao Tsetung.

Certamente, o Brasil não dispõe das qualificações da Alemanha, mas sempre será interessante aprender sobre as questões da política externa com ela, para ter uma posição clara no seu aprofundamento das relações com a China, que continuará sendo importante nos investimentos na infraestrutura brasileira já em marcha.



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