Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Dilemas da Política Econômica Brasileira

9 de junho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , , , | 2 Comentários »

Nem sempre todos os leigos possuem a compreensão do conjunto de repercussões que ocorrem numa economia como a brasileira, quando as autoridades são obrigadas a tomar decisões que perseguem determinados objetivos, mas provocam também outros efeitos, como no caso da política cambial, dependente também do mercado.

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O câmbio veio sendo desvalorizado até o início deste ano, quando voltou a valorizar-se (note-se que os economistas consideram que está se desvalorizando quando o gráfico sobe, e valorizando quando desce, o que dificulta muitas vezes a compreensão dos leigos).

Apesar da alegação que o câmbio depende do mercado, todos sabem que as autoridades acabam influindo no seu comportamento, quer comprando moedas fortes como o dólar, o euro ou o yen, para constituírem as reservas internacionais, ou vendendo parte delas. Também podem influir atuando no mercado futuro, vendendo ou comprando promessas para o futuro, como veio fazendo recentemente.

Todos sabem que o câmbio influi nas importações como exportações, além de afetar gastos como dos turistas internacionais. Hoje, também são fortemente influenciados pelos fluxos financeiros internacionais que se tornaram mais importantes que as operações comerciais. Este câmbio, quando desvalorizado, promove o corte sutil dos salários reais considerados em moeda estrangeira, o que pode estimular as exportações por tornarem os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, sem que nem todos os assalariados percebam imediatamente a queda do seu poder de compra, quer pela elevação dos preços dos produtos exportáveis como das importações.

O comércio internacional que pode ampliar o emprego também depende de outros fatores além do câmbio, como a disponibilidade de crédito, as tributações como medidas de suporte aos empresários, que costumam ser proporcionadas pelas autoridades dos diversos países, principalmente para aumentar as exportações, que criam empregos locais.

Também os custos financeiros acabam sendo influídos, como os juros, pelas mudanças que ocorrem nas facilidades de financiamentos externos. Portanto, muitos são os efeitos diretos e indiretos da política cambial numa economia que cada vez mais depende da dinâmica do que está acontecendo no exterior, que apresenta diferenças pelos diversos países. O gerenciamento da política econômica acaba bem mais complexa do que é percebida pelos leigos ou analistas mal preparados, havendo também diversos interesses envolvidos nestas manipulações.

Noticiam-se irregularidades admitidas tanto nos câmbios como nos juros até por instituições financeiras internacionais reconhecidas e de porte, que estão sendo motivos de acordo. As especulações que são promovidas no mercado financeiro internacional, com instrumentos fornecendo informações instantâneas usando computadores, que num segundo podem comprar ou vender volumes substanciais de ativos, tornam estas atividades atrativas para alguns profissionais, não sendo convenientes para os leigos que não contam com a agilidade suficiente para estas operações. Não é mais possível saber-se quem são os proprietários de uma empresa, pois os fundos internacionais compram e vendem suas ações com velocidades astronômicas, notadamente para os fundos.

As políticas econômicas de países como o Brasil acabam sendo afetadas por estas operações envolvendo instituições financeiras domésticas como internacionais. Portanto, nem sempre é possível obter-se os resultados almejados pelas autoridades, que necessitam ter uma visão de conjunto e de todas as repercussões das medidas que sejam tomadas na manipulação de algumas medidas de política econômica, estimando as resultantes finais, que nem sempre ocorrem.

Desta forma, o exercício do comando de uma política econômica acaba sendo uma arte muito sofisticada que, além do conhecimento de economia, exige outros como de política, psicologia social e de todos os fatores que influenciam no comportamento dos operadores destes mercados internacionais. Não é fácil entender adequadamente todo este mundo atual.

O mercado brasileiro está apostando numa valorização do câmbio, enquanto o novo presidente do Banco Central do Brasil, muito competente, parece esperar que o mercado provoque flutuações, mantendo-se num nível que estimule as exportações e ajude a criar novos empregos. Isto porque, se garantida a tendência à valorização, as remunerações de alguns títulos brasileiros acabariam proporcionando um retorno muito alto em dólares, estimulando um influxo financeiro exagerado.


2 Comentários para “Os Dilemas da Política Econômica Brasileira”

  1. Mauricio Santos
    1  escreveu às 14:53 em 10 de junho de 2016:

    Ola, gostaria de dar uma dica para divulgar o site.
    Tem um portal chamado GGN coordenado pelo Luiz Nassif nele tem a seção de colunistas. Vários destes colunistas que escrevem para o site tem sites paralelos e usam o portal como plataforma de divulgação de seu proprio conteúdo, em uma espécie de troca.
    A pessoa pode entrar em contato com o portal e informar que gostaria de produzir conteúdo para o mesmo.
    Acredito que com a qualidade do material que se produz aqui o Paulo facilmente poderia se tornar um colunista lá o que como já dito ajudaria a divulgar mais o site.
    De qualquer maneira agradeço a atenção e fica a dica.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:34 em 12 de junho de 2016:

    Caro Mauricio Santos,

    Obrigado pela sugestão. Conheço pessoalmente o Luiz Nassif e tenho a impressão que estes colunistas são jornalistas, que não é o meu caso. Procuro ser um pouco diferente, e os artigos postados costumam ser baseados nas experiências vividas, tanto na Ásia como no Brasil. Espero contribuir com algo que tenha qualidade por refletir algo que conheço mais profundamente, não somente por ter lido à respeito.

    Paulo Yokota


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