Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Entrevista de Rodrigo Soares na Folha de S.Paulo

5 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

imageUma interessante entrevista com Rodrigo Soares, que vinha atuando na Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas e passa ser também professor da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, na cátedra criada com a ajuda de Jorge Paulo Lemann, foi publicada na Folha de S.Paulo.

Foto do professor Rodrigo Soares publicada na Folha de S.Paulo

A entrevista foi feita por Érica Fraga e o professor Rodrigo Soares afirma, entre outros assuntos, que o debate que se efetua no Brasil sobre heterodoxia e ortodoxia na economia só existe neste país, pois no mundo prevalece o “mainstream” sem posições ideológicas de direita ou esquerda, com o uso generalizado da econometria por todos. Ele tem absoluta razão, mas como sempre o exagero pode ser prejudicial, pois o uso da econometria no Brasil, promovido pelo professor Antonio Delfim Netto, nem sempre é adequadamente utilizado também no exterior, inclusive nos Estados Unidos. Haja vista os erros relacionados com os riscos nos modelos mais sofisticados que foram elaborados pelos melhores acadêmicos daquele país.

Os economistas começaram a abusar do uso da matemática, da estatística e posteriormente da econometria sem terem o domínio completo dos métodos quantitativos, cujas hipóteses nem sempre são examinadas com cuidado. Como afirma o professor Delfim Netto, os economistas que no passado estudavam a Economia Política, quando se voltam aos métodos quantitativos são péssimos matemáticos ou estatísticos se comparados com os bons nestes assuntos, pois nem sempre examinam as limitações da estatística nos seus trabalhos, como se tratassem de verdades absolutas nos seus modelos.

Na estatística utilizada pelos econometristas, sempre existe a chamada hipótese nula, ou seja, os testes disponíveis afirmam que as hipóteses colocadas pelos pesquisadores não são rejeitadas pelos dados, mas nem sempre admitindo que outros pudessem elaborar modelos melhor explicativos de uma realidade. A economia não é uma ciência exata, havendo possibilidades de que outros fatores como a política ou a psicologia coletiva se sobreponham à racionalidade imaginada pelos economistas.

Ninguém duvida que o professor Rodrigo Soares seja considerado um dos melhores das novas gerações e merece o devido respeito, sendo muito justo que enfrente novos desafios no exterior. Ele informa que continua trabalhando também na Fundação Getúlio Vargas, interessado no mercado de trabalho, saúde e discriminação racial e de gênero na economia, voltado para realidades dos países emergentes como o Brasil.

Há uma concordância das limitações das discussões no Brasil, sendo que os bons economistas acabam sendo atraídos por centros mais completos como os Estados Unidos e alguns países europeus. O que se pode observar é a existência de um exagero na especialização, sem considerar o humanismo do passado. Seria mais conveniente que a economia fosse encarada como arte, considerando adequadamente a contribuição de outros ramos do conhecimento humano nas análises de cunho econômico.

Com os meios de comunicação atual, a localização de um profissional não tem muita importância, mas deve se admitir que as discussões sejam mais profícuas onde existe mais concorrência, que permite distinguir os méritos pelos trabalhos relevantes apresentados.


2 Comentários para “Entrevista de Rodrigo Soares na Folha de S.Paulo”

  1. Mauricio Santos
    1  escreveu às 21:53 em 5 de julho de 2016:

    Tanto Keynes, Marx, e Adam Smith tinham uma perspectiva global seja de historia, política ou sociologia, um conhecimento holístico que foi sintetizado em suas teorias
    Acredito que isto que faz a diferença

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 17:25 em 6 de julho de 2016:

    Caro Mauricio Santos,

    Obrigado pelo comentário.

    Paulo Yokota


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