Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Novo Alerta Sobre o Uso do Câmbio no Controle da Inflação

6 de julho de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Na sua coluna semanal no jornal Valor Econômico, o professor Antonio Delfim Netto vem apresentando as bases da teoria econômica consagrada ao longo do tempo e que explicam as relevâncias do Banco Central nas suas ações para a política econômica. Apesar de todas as dificuldades pelas quais passa o Brasil, deve-se evitar erros já cometidos no passado, como o uso do câmbio para ajudar na obtenção da meta inflacionária.

Na difícil situação na qual se encontra a economia brasileira, com um quadro político que continua mantendo as incertezas, as exportações começam a se recuperar, quando o câmbio mais desvalorizado exerce um papel fundamental. É um dos fatores que poderiam favorecer a melhoria da economia e a criação de empregos no país. Não se pode cair na tentação de usar o câmbio para acelerar a queda da inflação para atingir as metas inflacionárias, o que só é possível nos próximos anos.

O que já aconteceu no passado recente deve ter sido absorvido pela atual direção do Banco Central, tanto que as operações de vendas futuras[PY1] de câmbio vieram a ser acionadas para se evitar uma valorização mais acentuada do câmbio, que, mesmo ajudando na redução das pressões inflacionárias, abortaria a possibilidade de recuperação da economia.

A atuação do Banco Central é uma arte delicada, pois se deseja simultaneamente muitos resultados, como a queda da taxa de juros que reduziria os custos da dívida pública, além de estimular os empresários a assumirem novos riscos realizando investimentos. A redução da inflação reduziria as pressões por reajustamentos salariais, vital para manter a competitividade internacional do Brasil. Mas, prejudicando-se as contas externas, tudo ficaria mais complicado, o que parece estar claro para os dirigentes do Banco Central.

Evidentemente, a ação do Banco Central só pode ser eficiente na medida em que esteja coordenado com o aspecto fiscal, onde por necessidade política o governo interino de Michel Temer ainda continua expansionista, até obter a confirmação do impeachment e viabilizar as reformas indispensáveis. Manifestou-se de forma discutível que posteriormente estaria disposto até a tomar medidas impopulares, que não mantêm os aplausos do setor privado nem dos setores parlamentares. Mas são indispensáveis para a estabilidade econômica no prazo mais longo.

A conclusão clara parece ser que os problemas políticos merecem prioridade sobre os econômicos, por enquanto. Isto determina uma urgência nos cronogramas políticos para o curto período em que o governo interino conta para mostrar sua eficiência, pois a sua imagem pública continua se deteriorando, o que não é sustentável por muito tempo.

A posição do atual governo interino não é invejável e o presidente interino Michel Temer vem mantendo intensos contatos com os mais variados segmentos políticos, tarefa para a qual Dilma Rousseff não estava qualificada. Os resultados finais ainda não estão assegurados, mas uma forte torcida pelo sucesso é uma realidade.



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