Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Que Sustenta Agora o Crescimento da Economia Chinesa

1 de agosto de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Para muitos analistas, é difícil entender como a economia chinesa continua mantendo um crescimento superior a 6,5% com os problemas enfrentados com as suas estatais obsoletas que estão ociosas. Os observadores mais próximos, como os acadêmicos japoneses, apontam as mudanças estruturais que estão ocorrendo naquele país, com inovações introduzidas pelas startups criadas nos últimos 20 anos.

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Ainda que a economia chinesa venha desacelerando o seu avanço, mantém um crescimento elevado superior a 6,5% ao ano, o que surpreende muitos analistas

Um artigo publicado pelo professor de economia chinesa no Institute of Social Science da University of Tokyo, Tomoo Marukawa, no AJISS – The Association of Japanese Institutes of Strategic Studies, com o título “New Driving Forces of China’s Economic Growth – Innovation and Entrepreneurship”, fornece algumas observações interessantes.

Segundo ele, a compensação está ocorrendo com o crescimento do e-commerce que em 2015 atingiu 33,3% sobre o ano anterior, mostrando uma mudança estrutural que passou do crescimento liderado pelo investimento para o desenvolvimento pela inovação, que define como uma combinação do mercado com a tecnologia, seguindo a colocação de Joseph Schumpeter. Examinando-se a tecnologia usada pela China no próspero e-commerce, onde se destacam startups inovadoras, pode se encontrar algumas novidades. Ele chegou a vendas de varejo de US$ 622 bilhões em 2015, 81% superior ao dos Estados Unidos, cinco vezes maior que a do Japão no mesmo ano.

Os recursos depositados nos sites do e-commerce chinês favorecendo pequenas empresas substituíram os bancos convencionais, podendo ser utilizados para pagar contas de eletricidade ou alugar um carro ou investidos nas plataformas como Alipay, que é um sistema de serviços de pagamento utilizado no e-commerce, introduzindo mudanças revolucionárias no setor financeiro daquele país.

O artigo do professor Tomoo Marukawa menciona também que estas inovações estão sendo centradas em Shenzhen, que está adquirindo as características de um Vale do Silício na China, onde se concentram as startups inovadoras em tecnologia. Elas são novas e na maioria com menos de vinte anos. A cidade próxima de Hong Kong não tem as dimensões de Xangai ou de Pequim, nem conta com muitas universidades importantes, mas goza de um espírito mais livre das tradições e regulamentações chinesas, favorecendo as inovações.

Não parece uma mera coincidência que a empresa DJI também tenha se originado em Shenzhen. Ela é a maior produtora de drones no mundo e está ampliando suas atividades usando seus conhecimentos nas inovações relacionadas com os contatos com os consumidores. Estas empresas são produtos dos estímulos do governo chinês para incentivar as inovações.

Outras empresas, como Huawei e ZTE relacionadas a telecomunicações, Tencent com a internet, BGI com sequenciamento de DNA, estão localizadas em Shenzhen, que consegue mais patentes do que a combinação de Pequim e Xangai. Estas inovações não estão sujeitas às amarras da regulamentação governamental. As empresas da região fornecem moldes e matrizes, peças eletrônicas, serviços de montagem, chips, projetos de circuito e design, proporcionando as economias de aglomeração.

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Vista parcial da cidade de Shenzhen, próxima a Hong Kong, na China

Shenzhen conta com serviços para os potenciais investidores, contando com instalações equipadas com impressoras 3D, equipamentos de medição, ajuda para a localização de fornecedores de serviços e peças. Também auxilia a localizar empresas de procedimentos legais, contabilidade, perdidos de patentes, recrutamento de pessoal e publicidade. Podem fornecer também um capital inicial.

Eles contam com complexos para as instalações de startups que devem chegar a 200 unidades até o final de 2017, instrumento que tem sido utilizado em diversos países como em Cingapura no início do seu desenvolvimento. Muitas empresas estrangeiras estão procurando se instalar naquela região. Estas experiências estão sendo estimuladas pelas autoridades chinesas para outras regiões do país.

Não é de se estranhar que a China continue reestruturando a sua economia e mantendo elevado crescimento. O Brasil também tem que adaptar estas experiências bem sucedidas.



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