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Os Dez Anos de Inhotim Aberto Para o Público

18 de setembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Os dois centros culturais mais importantes no Brasil reconhecidos internacionalmente, Inhotim (foto), em Brumadinho, Minas Gerais, criação de Bernardo Paz, e o MASP – Museu de Arte de São Paulo, criação de Assis Chateaubriand, são considerados obras decorrentes de atos heroicos que beiram à insanidade. Seus acervos são respeitados pelos maiores especialistas artísticos do mundo.

Muitos artigos estão sendo publicados recentemente sobre Inhotim, sendo que o de Marcos de Moura e Souza, constante do suplemento Eu & Fim de Semana, do jornal Valor Econômico, figura entre os mais interessantes. No jardim botânico de 140 hectares, a que se acrescentam 252 hectares de área de preservação ambiental, inspirado em conversas com o consagrado paisagista Burle Marx, contam nada menos que 23 galerias de arte centradas nas obras de um artista famoso e 22 obras de grande porte expostas ao ar livre, acumulando um acervo de mais de 1.300 obras respeitáveis, nacionais e estrangeiras, sendo cerca de 700 expostas regularmente. É um empreendimento que todos interessados por cultura devem visitar até com determinada frequência.

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O visionário empresário minerador Bernardo Paz, criador de Inhotim

Os investimentos começaram a ser feitos em 1989, foram beneficiados pelo período áureo para a mineração brasileira que proporcionavam resultados lá aplicados e não cessaram quando o cenário mundial se alterou, notadamente depois da crise econômica mundial de 2008. Isto apesar de contar com conselheiros renomados e experientes, tanto na direção do empreendimento como nos aspectos artísticos. Hoje, as empresas de Bernardo Paz acumulam gigantescas dívidas consolidadas, estimando-se de R$ 600 milhões com o Estado de Minas Gerais e R$ 900 milhões com a União, em decorrência dos impostos não pagos. Tudo que este minerador acumulou em sua vida de 66 anos está investido em Inhotim para visitação pública.

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Obra de artista japonesa Yayoi Kusama em Inhotim

Inhotim está desde 2008 constituída como uma organização da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e, segundo especialistas, está blindado, não sendo fácil de ser executado pelos seus credores até pelo seu interesse público. Em 2015, o orçamento de sua manutenção foi de R$ 41,1 milhões, sendo que a maior parte dos recursos veio de projetos e convênios, outra de doações de pessoas físicas e jurídicas, além dos recursos que continuam sendo enviados pela empresa mineradora de Bernardo Paz. Conta com 500 funcionários diretos e 200 terceirizados, incluindo 140 jardineiros.

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A obra Bean Drop de Chris Burden em Inhotim

Inhotim recebeu no ano de 2015 cerca de 353 mil visitantes e desde 2008 13% deles são estrangeiros, bem como cinco mil alunos de escolas públicas, além de 800 professores da região. Bernardo Paz continua sendo um sonhador, tendo ainda muitos projetos para completar o empreendimento, como diversos hotéis dentro da área de Inhotim, bem como espaços para milhares de moradores permanentes. Ele planeja parcerias internacionais, inclusive com o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, bem como entidades privadas brasileiras.

Poucos empreendimentos culturais se igualam a Inhotim no mundo e inseriram o Brasil no cenário internacional da arte contemporânea. Suas muitas galerias impressionam pela ousadia como a amplitude dos temas abrangidos que evidentemente não se restringem aos que são conhecidos de forma tradicional em artes. No amplo espaço em que está localizado, exige dos visitantes alguns dias para conhecer o que há de relevante neste centro, nas mais variadas formas de manifestação cultural. Seleções efetuadas com a ajuda de especialistas internacionais surpreendem os apreciadores mais exigentes, mostrando que no contraste característico brasileiro, existem atividades culturais que destacam o país. Seus curadores costumam ser profissionais com apreciáveis experiências em instituições similares do mundo desenvolvido.

Inhotim é certamente um dos orgulhos do Brasil, que passa por um período de grandes dificuldades de todas as naturezas. A sua manutenção e desenvolvimento depende de grandes esforços nacionais e estrangeiros, mas com o prestígio que conseguiu obter nestes 10 anos de funcionamento público pode ser considerado um patrimônio mundial e deverá continuar a desempenhar o seu papel no avanço da cultura mundial.



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