Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Reflexões Estimuladas Pela Paralimpíada Rio 2016

19 de setembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Quem não se emociona com pessoas com limitações superando suas dificuldades deve fazer uma autoavaliação sobre os valores que orientam suas vidas. A Paralimpíada Rio 2016 foi prolífera em fatos carregados de emoção que não se consegue exprimir em palavras demonstrando sua importância mundial.

Daniel Dias consolidou-se como um dos maiores heróis brasileiros, chegando a 24 medalhas nas Paralimpíadas, recorde mundial de atletas masculinos

Nem os mais críticos podem subestimar os efeitos provocados pela Olimpíada e Paralimpíada Rio 2016 para a recuperação do amor próprio dos brasileiros num momento que em o Brasil passa por grandes dificuldades políticas, econômicas e sociais. Os brasileiros demonstraram para o mundo a alegria e a hospitalidade com que acolhem seus visitantes, atletas ou turistas no cenário natural do privilegiado do Rio de Janeiro. Ainda que esforços extraordinários tenham sido despendidos, cujas contas deixarão encargos para o futuro. Mas há que se fazer o possível para seus benefícios serem permanentes, não se resumindo somente num período curto de festas nas quais os brasileiros são mestres, nem se restringindo somente ao Brasil ou ao Rio de Janeiro.

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Charge de Mariangela, blogspot.com., encontrada na Internet

Quem estava apreensivo com os eventuais problemas graves que poderiam ocorrer com estes jogos ficou aliviado por eles terem terminado se restringindo aos de menor expressão, que não tiram o brilho dos feitos dos atletas e alguns dirigentes, bem como pela população brasileira. Mas não se pode ficar nos louros sem retirar lições mais profundas para o futuro do país e da humanidade.

Resultados obtidos por alguns países mostram que os esportes como parte mais ampla da cultura não dependem de esforços eventuais ou temporários. É preciso se conscientizar que devem ser generalizados nas suas práticas, a partir das escolas fundamentais que preparam os cidadãos para o futuro. Notadamente os que, por serem diferentes, necessitam contar com suportes especiais para se integrar adequadamente à sociedade, dando também suas contribuições para os quais estão capacitados.

Segundo artigo publicado no The Asahi Shimbun, com base na nota da Associated Press, o Japão que se prepara para os próximos eventos de 2020 está se conscientizando que as grandes metrópoles como Tóquio necessitam contar com facilidades de acesso para os que possuem limitações como os cadeirantes, que aumentam com o envelhecimento da população. As ruas estreitas, sem calçadas adequadas, com postes nas áreas de trânsito dos veículos precisam de urgentes reformulações. Os fios elétricos e de comunicação precisam ser enterrados e parte dos esforços começarão a ser acelerados. Mas a mudança mais difícil acaba sendo a cultural, onde os que contam com alguma deficiência não sejam discriminados, inclusive nas escolas normais. Os japoneses obtiveram resultados razoáveis nas Olimpíadas, mas insignificantes na Paralimpíadas, por variadas razões e começam a absorver estas lições do Rio de Janeiro.

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Governadora de Tóquio, Yuriko Koike, retorna ao Japão levando a bandeira da Olimpíada, conforme foto publicada no The Asahi Shimbun

Apesar dos resultados esportivos no Paralimpíada Rio 2016 não terem atingidos todos os objetivos estabelecidos pelas autoridades brasileiras, há que se registrar que até muitos estrangeiros levam lições proporcionadas pelos brasileiros, que também necessitam se preparar adequadamente para os futuros eventos, com uma visão educacional de longo prazo, como a que os japoneses já estão absorvendo.

Todos reconhecem que os brasileiros são bons festeiros, mas as lições da Olimpíada e da Paralimpíadas do Rio 2016 ainda podem deixar marcas mais profundas na própria forma de encarar os esportes como mecanismos eficientes de modificações culturais.

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Encerramento da Paralimpíada Rio 2016 com show de Ivete Sangalo, foto constante do artigo na Folha de S.Paulo

Mesmo com um justo sentimento de missão cumprida com o encerramento destes eventos, há que se pensar adequadamente no que deve continuar a ser aperfeiçoado nestas participações brasileiras em eventos internacionais, com a confiança que também temos contribuições importantes a dar, com todas as nossas limitações.



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