Exportações Brasileiras Para a China

25 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo do embaixador brasileiro no Valor Econômico, experiência passada, falta da presença das empresas brasileiras em Beijing

Um interessante artigo do embaixador brasileiro na China, Valdemar Carneiro Leão, foi publicado no Valor Econômico informando o potencial da importação de produtos agropecuários brasileiros por aquele país, reclamando da falta da presença das empresas brasileiras em Beijing.

Gráficos do artigo publicado no Valor Econômico

Em 1985, promovi na qualidade de responsável pela supervisão dos escritórios asiáticos a inauguração da presença da Cotia Trading (Grupo Ovídio de Brito) em Beijing, quando se processava a exportação de aço, ferro gusa e papel do Brasil para aquele país, que tinha ainda condições muito diferentes da atual. Já tínhamos escritórios desta trading brasileira em Cingapura, Seul e Tóquio, este último também instalado com a minha participação. Estes escritórios encerraram suas atividades quando as exportações brasileiras se tornaram mais difíceis.

O embaixador menciona o potencial atual das importações chinesas de carnes bovinas, suínas e de aves, além da soja, e o que vem ocorrendo é a compra dos chineses e não um esforço de venda dos brasileiros. Todos sabem que o Brasil continua exportando minérios e papel e celulose, entre outros produtos para aquele país. O embaixador está coberto de razões quando reclama a presença das empresas brasileiras em Beijing.

Como em todos os relacionamentos comerciais, as conexões pessoais são de vital importância, pois ainda que muitos destes produtos sejam atualmente commodities cotadas em Chicago, sempre existem oportunidades que podem ser detectadas, proporcionando condições para se conseguir um resultado melhor. Costumávamos promover jantares e reuniões com os chineses, ao mesmo tempo em que éramos retribuídos com as mesmas gentilezas, criando um verdadeiro clima de parceria, aprendendo como funcionavam as organizações chinesas e suas autoridades.

A presença de representantes de bancos brasileiros também é importante, pois amplia as exportações brasileiras que podem contar com seus financiamentos, ao lado da atual APEX – Agência Brasileira de Promoção das Exportações para aumentar os negócios brasileiros. Pode-se conseguir maior valor adicionado nas exportações brasileiras, pois temos condições de oferecer produtos sofisticados de carnes bovinas, suínas e frangos, especificados em formas que seriam melhores consumidas pelos chineses com preços mais convenientes dadas às diversidades das produções brasileiras com cortes especiais.

Sabemos que missões brasileiras são enviadas bem como empresas chinesas também chegam ao Brasil, além da atuação de tradings internacionais que trabalham com estes produtos. Mas podemos obter exportações que aumentem os ganhos das empresas brasileiras, na medida em que tenhamos uma presença cotidiana mais marcante naquele país, que não se restringe somente a Beijing.

A imensa China conta com muitas regiões que apresentam uma riqueza de consumos diferenciados. Quem teve oportunidade de viajar um pouco por aquele gigantesco país sabe que existem acentuadas diferenças de Xangai com o Sul, o Oeste ou Norte daquele país, oferecendo boas oportunidades de negócios. Se o Brasil pretende ser eficiente nas exportações para a China, a presença de representantes das empresas brasileiras naquele país é de vital importância.