Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Lamentável Hillary Clinton

13 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: , , | 2 Comentários »

clip_image002As declarações da Hillary Clinton mostram sua incapacidade total de entender o que aconteceu nas eleições nos Estados Unidos. Ela ainda não sabe nem que bonde a atropelou.

Hillary Clinton, apesar de aceitar a sua derrota, não entendeu o que aconteceu quando atribui à ação da FBI a perda da eleição

Apesar da Hillary Clinton ter feito uma declaração desejando que Donald Trump tenha a oportunidade de liderar os Estados Unidos, quando volta a atribuir à ação da FBI a sua derrota mostra que nada entendeu sobre todos os seus erros. Ela contava com a rejeição da maioria dos eleitores norte-americanos pelo seu comportamento pessoal, entendendo que poderia fazer tudo que desejasse para ser eleita representando o movimento que provocou a exclusão de muitos eleitores dos benefícios do desenvolvimento dos Estados Unidos nas últimas décadas, quando sua economia tirava vantagem do processo de globalização.

Mais do que a vitória de Donald Trump, a eleição mostrou a derrota de Hillary Clinton, evitando que os Estados Unidos continuassem prejudicando muitos eleitores que não tinham vozes para manifestar a sua insatisfação. Assim como aconteceu no Reino Unido com o Brexit, determinando sua saída da Comunidade Europeia, os insatisfeitos com a atual situação política aproveitaram a eleição para expressar a sua desaprovação à atual tendência, notadamente no campo econômico. Esta insatisfação foi bem captada por Donald Trump e sua equipe, que obtiveram o direito legítimo de tentar a sua correção, mesmo utilizando um discurso radical.

A denúncia do FBI sugere que Hillary Clinton, desde a Presidência de seu marido Bill Clinton e depois como secretária de Estado, confundia o público com seu interesse pessoal, pouco se preocupando com a dura situação de muitos norte-americanos pouco privilegiados, mesmo quando a economia do país passava por fases mais brilhantes.

Esta situação desequilibrada dos Estados Unidos perdurava por décadas, deixando parte de sua população excluída da melhoria do padrão de vida, enquanto uma minoria privilegiada aumentava a sua distância média do resto da população, notadamente com o aumento da importância do seu setor financeiro e das grandes empresas multinacionais. A distribuição da renda e da riqueza se concentrava cada vez mais. Se Hillary Clinton vencesse as eleições, a tendência de continuidade deste processo seria mais marcante. Não há uma garantia que Donald Trump consiga reverter a situação, mas a mudança com a eleição cria no mínimo uma oportunidade.

O que está acontecendo também ocorre em muitos países desenvolvidos ou emergentes, inclusive no Brasil, e a reação vem da direita e não da esquerda como no passado. Sem alguma tentativa de correção desta tendência, os mesmos riscos políticos estarão presentes em diversos países emergentes, pois existe uma aspiração geral pela melhoria da distribuição dos benefícios do desenvolvimento.

A incompreensão do que está acontecendo não se resume à Europa e os Estados Unidos. Mesmo os jovens dos países emergentes, sustentados ainda pelos seus pais e sem terem lutado para conquistar as suas ascensões sociais, pensam que podem manter os seus privilégios, com diagnósticos ultrapassados como os que atribuem os principais males as tentativas de corrigirem as tendências das distribuições de renda.


2 Comentários para “Lamentável Hillary Clinton”

  1. Carlos Abreu
    1  escreveu às 13:31 em 14 de novembro de 2016:

    Concordo em parte, porém, não se pode esquecer que a rejeição a Trump era muito maior. Como disse Michael Moore, se os americanos pudessem votar através da tv, conectados no computador ou no videogame, sentados no sofá de casa, Clinton ganharia fácil. Não foi Trump quem venceu, foi Hillary quem perdeu.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 10:26 em 15 de novembro de 2016:

    Carlos Abreu,

    Obrigado pelo comentário. O que costuma acontecer é que a campanha é uma coisa, sentado na cadeira existem mais restrições. principalmente numa sociedade como a norte-americana que conta com mecanismos para contrabalancear o Executivo.

    Paulo Yokota


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