Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Final e o Começo do Ano Têm Nuances Apesar da Globalização

30 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

clip_image002Mesmo com a acelerada globalização das últimas décadas, existem nuances tanto no final do ano como no seu começo e os viajantes que não conhecem os hábitos locais podem ficar constrangidos.

O Japão não é um país predominantemente cristão e o Natal que vem se modificando ainda é comemorado por muitos casais de forma isolada

É claro que os interesses comerciais estão transformando o Natal dos japoneses num evento que procura copiar o que predomina no Ocidente, mas ainda existem casais que comemoram a data isolados apreciando um bolo de Natal. Não se trata de um feriado como o brasileiro, só no fim de um dia útil de trabalho é que haverá a comemoração, que não costuma ser familiar. Os brasileiros sentem como algo importante estivesse faltando neste dia.

Mas também eu estava com a minha família na Itália há muitos anos certo que encontraria uma igreja onde haveria uma missa de Natal. Para meu constrangimento, percorri as principais igrejas da cidade de Veneza e tive que voltar para o hotel para assistir pela televisão à missa que estava sendo realizada no Vaticano.

Nos últimos dias do ano, as famílias japonesas estão preparando atarefadas as iguarias que vão ser apreciadas no Ano Novo, o chamado “osechi ryori”, mas hoje muitos já as adquirem numa loja de departamento ou em outro local apropriado. Cada porção tem um significado, normalmente um voto de felicidades ou de fortuna. Os chineses que comemoram o Ano Novo em outra data preparam muitos “pasteizinhos”, que costuma ser um trabalho coletivo de um clã.

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Um exemplo de Osechi Ryori

No Japão, na noite de passagem do ano, a refeição é muito discreta, consistindo de um “soba” com um molho simples, normalmente de uma alga e no cogumelo. O Ano Novo começa com uma sopa chamado “ozôni” que contém um mochi que fica grudento e alguns legumes, tudo com um molho discreto. Muitos idosos apressados acabam enfrentando algumas dificuldades na sua digestão, notadamente na passagem pela garganta. Sem apreciar este ozoni, os japoneses afirmam que as pessoas não passaram de ano, que por um critério local todos mudam de idade neste dia. O mesmo tipo de ozeki ryori costuma ser repetido por alguns dias e normalmente é frio. As visitas recebidas pelas famílias são de pessoas que vão pagar respeito por favores recebidos no passado, como o aprendizado de uma profissão, quando haviam corporações de ofícios. O mesmo gesto pode ser repetido com os professores ou veteranos numa organização.

Na Europa Central, costuma-se apreciar um pequeno pedaço de suíno grelhado junto com a ceia, ainda com a fuligem de uma chaminé, havendo caso de um personagem aparecer com marcas no rosto e na roupa como fossem sinais de passagem por esta tubulação.

Mesmo no Brasil, que é um país tropical, muitos dos hábitos de regiões geladas durante este época do ano procuram ser imitados. Muitas crianças ficam assustadas com o Papai Noel, de barbas brancas e vestimentas em vermelho, um tipo que nunca viram. Parece conveniente que estes costumes sejam adaptados para cada uma das regiões, pois muitas das iguarias servidas são mais adequadas para climas frios.

Ainda que haja uma globalização de hábitos culturais, o respeito às condições locais parece relevante, como até ocorreu na música popular com a tropicalização. Tanto o Natal como o Ano Novo acabará se adaptando à dura realidade das diferenças existentes, ainda que preservem alguns traços da tradição.



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