Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cada Vez Mais Difícil Interpretação das Informações

5 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

Muitos admitem que atualmente proliferam as radicalizações de posições dentro de uma coletividade em todo o mundo. Episódios extremados chamam a atenção dos meios de comunicação social, proporcionando uma impressão distorcida do que poderia ser a realidade. Os dados estatísticos, mesmo tomados pelas suas médias, não conseguem mais refletir os desejos de uma sociedade, onde pequenos grupos minoritários se tornam influentes, enquanto os meios de comunicação enfatizam os incidentes chocantes, mas superficiais, incapacitados de análises mais profundas de tudo que está acontecendo.

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Uma charge expressiva na Internet

Os casos do Brexit no Reino Unido e da eleição de Donald Trump indicaram que nem sempre se consegue detectar as insatisfações de segmentos da sociedade, que acabam sendo determinantes em algumas decisões cruciais. É preciso reconhecer que poucos foram capazes de diagnosticar tendências preocupantes imaginando que haveria uma maioria que poderia proporcionar resultados que muitos consideram mais sensatos. Isto quando estudos fundamentados estão detectando avanços na ampliação dos conhecimentos básicos que estavam sendo liderados pelo Ocidente e que agora estão com os chineses. Há que se admitir que existe algo de errado quando se confunde avanços tecnológicos como somente os relacionados com o que se realiza no Vale do Silício, ainda que parte deles seja relevante.

No passado, admitia-se que a produção de alimentos e a produção de matérias-primas básicas como o aço eram relevantes para assegurar a independência econômica e política, pois proporcionavam poder militar para não depender exageradamente dos outros. Agora, o setor financeiro, que deveria ser o braço para ajudar os investimentos e as operações comerciais, transformou-se na causa de graves problemas mundiais como as especulações imobiliárias, mas não se chega a um consenso que suas ações precisam ser controladas para não permitir riscos sistêmicos universais. Parece uma distorção onde os responsáveis pelas crises como de 2007/2008 sejam premiados com subsídios astronômicos e continuem a alimentar fluxos financeiros mundiais que só aceleraram as distorções, pois voltadas aos resultados de curto prazo, na maioria de caráter especulativo.

Países que contam com apreciáveis recursos naturais e recursos humanos flexíveis decorrentes de muitas imigrações de origens variadas que se miscigenaram poderiam estar na vanguarda do multiculturalismo, como o Brasil. Parecem que deixaram de cuidar da sua sustentabilidade de longo prazo. Não conseguem incutir na sua população a necessidade de sistemas políticos mais racionais e moralmente consolidados e os seus representantes eleitos de forma distorcida acabam se concentrando num perigoso clientelismo popular. A meritocracia acaba se esfacelando não permitindo que estadistas se consolidem com visões mais amplas aproveitando as experiências consagradas em todo o mundo.

As vozes da rua, apesar da sua importância, acabam sendo exageradamente emocionais e incapazes de induzir a formulação de projetos de maior envergadura. Nenhum projeto de curto prazo poderia resolver os nossos problemas que, tanto na infraestrutura como na previdência social, na educação e cultura, na saúde como no desenvolvimento de tecnologias, exigem horizontes superiores a 25 anos.

Qual é o nosso projeto atual para o Brasil de 2050? Nem os nossos acadêmicos não conseguem elaborar mais algumas alternativas possíveis. Costumavam ser a melhoria do nível de bem-estar da população dentro do possível, a constante melhoria na distribuição da renda e dos benefícios do desenvolvimento, o uso mais racional dos recursos naturais e humanos disponíveis no país, a independência política externa e a liberdade para relacionamento até com as nações que não partilham das mesmas ideologias.

Escolhendo os instrumentos políticos para tanto e estabelecendo uma estratégia para reduzir os custos sociais deste processo haveria como conseguir a sustentabilidade de longo prazo, dentro de um sistema político que acomodasse todas as diferenças étnicas, religiosas e regionais deste imenso Brasil. Não seria possível perseguir estes sonhos?



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