Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Discutíveis Considerações Sobre as Multinacionais

26 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia | Tags: , ,

Algumas generalizações efetuadas por uma revista de respeito como a The Economist parecem exigir que houvesse maior distinção do que seja uma empresa multinacional, dependendo de suas características. A escala pode ser importante para algumas atividades, mas outras dependem mais fortemente dos hábitos dos consumidores que não são uniformes em todo o mundo.

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Capa do novo número do The Economist com extensas matérias sobre as multinacionais

Com base nos dados das ações voltadas para os investimentos externos diretos nas últimas décadas como percentual do produto nacional bruto, a revista The Economist sugere que as multinacionais tiveram significativas ampliações com a globalização, sendo que a China se destacaria por ter acolhido algumas importantes redes, inclusive como as de fast-food. Agora, com o protecionismo e o nacionalismo ganhando impulso, este processo estaria passando por uma retração.

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Gráfico constante do artigo no The Economist

Parece conveniente que se façam algumas distinções entre as chamadas multinacionais, pois algumas são antigas e decorrem da dimensão que lhes proporcionam vantagens, bem como os mercados para seus produtos estarem espalhados por muitos países. É o caso das empresas multinacionais que trabalham com produtos como o petróleo e seus derivados, que os adquirem em grandes volumes nas regiões produtoras e os colocam junto aos países consumidores, ou empresas que trabalham com as commodities agrícolas produzidas em alguns países e as colocam também nos principais países consumidores. Não há indícios que elas venham se retraindo, até porque muitos monopólios estatais em alguns países se mostraram menos eficientes, ainda que sempre tenham conotações políticas.

Os grandes bancos internacionais também se tornaram multinacionais na medida em que tiraram partidos de paraísos fiscais, para muitas operações como os do eurodólar, para se livrarem das regulamentações das autoridades locais. Também não parecem que estejam em retração, pois muitos vivem dos volumosos fluxos financeiros pelo mundo, que até superam os decorrentes de atividades de comércio internacional. O problema para o seu dimensionamento apresenta dificuldades, pois nem sempre seus valores adicionados podem ser identificados em algumas localidades.

O que pode estar acontecendo com os dados utilizados pelo The Economist deve ser os decorrentes de produções e comercializações de produtos industriais bem como de serviços que se beneficiaram da globalização acelerada nas últimas décadas, onde algumas atividades como de serviços precisam se adequar mais fortemente aos hábitos de cada país. Também existem muitas grandes empresas multinacionais eficientes que estão encontrando formas de sua ampliação, sendo difícil caracterizar que haja uma tendência atual de retração, mesmo com algumas medidas nacionalistas. Mas deve-se admitir que a era de ouro parece estar concluída, como pode se observar nos gráficos abaixo, recomendando-se o exame integral dos artigos do The Economist.

A matéria da revista também destaca que em determinados setores as chamadas empresas multinacionais levam vantagens sobre as locais, como também acontece o seu inverso, em função dos retornos proporcionados pelas suas ações, com base nos dados de 2016. Haveria uma tendência recente das empresas locais obterem melhores resultados.

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Gráficos constantes do artigo do The Economist que se recomenda que seja lido na sua íntegra

A discussão é ampla devendo haver alguns setores onde empresas locais de menor porte acabam tendo uma atuação mais ajustada às características locais, proporcionando retornos mais elevados, notadamente naqueles em que as escalas não tenham vantagens determinantes.

Também é preciso considerar que as legislações diferem com relação às tributações dos resultados. Muitos países tentaram atrair grandes organizações internacionais, notadamente quando procuravam aproveitar os recursos locais para atuar nas exportações para o resto do mundo. Tudo tem se comportado dinamicamente podendo haver períodos de maiores retornos que hoje estariam sendo coibidos com as tendências nacionalistas.

O que parece claro é que as empresas que necessitam de tecnologias avançadas que demandam muitos investimentos ao longo de um bom tempo acabam proporcionando resultados melhores para estas empresas multinacionais, não havendo dúvidas que as medidas protecionistas e nacionalistas aumentam os riscos dos empreendimentos, podendo determinar retornos mais baixos. O que parece evidente é que mesmo havendo tendências gerais, sempre existirão exceções de empreendimentos multinacionais de elevada eficiência, se seus dirigentes tiverem a visão de se ajustarem às condições locais, que diferem muito.



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