Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Duros Dados Demográficos

8 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , , | 2 Comentários »

Muitas regiões no mundo estão enfrentando suas dificuldades com o aumento da população idosa. E o mesmo efeito ocorre também no Brasil, em regiões promissoras no passado.

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Gráfico constante do artigo publicado no The Economist, que vale a pena ser examinado na sua íntegra

O caso de Okutama, em Tóquio é extremado, mas algo semelhante acontece em muitas regiões do Japão e nos países europeus ou nos Estados Unidos, onde as tendências demográficas são de um aumento de idosos sem a disposição dos jovens de permanecer nestas áreas. Mas também no próprio Estado de São Paulo, no Brasil, algumas regiões outrora promissoras viram seus jovens migrarem para regiões pioneiras, deixando algumas cidades somente com os idosos.

O artigo publicado no The Economist refere-se a um problema que também tende a ter um efeito circular. A arrecadação de impostos nestas regiões acaba sendo baixa e as autoridades locais não contam com recursos para oferecer assistência médica, atividades culturais e outras que proporcionam qualidade de vida para os idosos. No Japão, tenho amigos que se mudaram de suas residências, pois pela internet obtêm continuamente informações sobre os distritos que oferecem melhores serviços e todos procuram as regiões mais privilegiadas, apesar do esforço do governo central para equilibrar estas condições.

A procura de alternativas para atrair jovens, como oferecendo escolas para aprendizado de línguas estrangeiras e outras habilidades, aluguéis baratos e diversas facilidades, acabam tendo um efeito limitado, pois nestas regiões de concentração de idosos tudo acaba ficando decadente, mesmo o comércio e os serviços indispensáveis para eles. Onde o transporte é bastante cômodo para deslocamentos para regiões atualizadas, ainda existem possibilidades, mas nem todos os distritos possuem uma intensidade destas facilidades.

As autoridades precisam se preparar para enfrentar esta dura e inexorável realidade demográfica. Quando menos se espera, estas tendências já estão em marcha num processo. Parece indispensável que as autoridades estejam atentas, com uma visão de prazo mais longo, uma qualidade a ser incutida pela educação.

A imprensa brasileira está chamando a atenção que o Brasil se destaca também nas Américas pela pouca preparação dos idosos, inclusive para a vida depois de aposentados, reservando parte de suas poupanças para tanto. Como um país tropical onde não existe um inverno rigoroso, nós não tivemos treinamento que é preciso colher no outono e armazenar uma parte dos recursos para o inverno. É uma cultura que precisamos nos preocupar com ela. Precisamos alongar os nossos horizontes, pois se no passado vivíamos no meio rural, onde se podia colher parte dos alimentos nas matas, hoje com as grandes concentrações urbanas não contamos mais com as facilidades da natureza.

Lamentavelmente, também estão aumentando as irregularidades climáticas e podemos ser atingidos pelas inundações ou secas prolongadas. Contar somente com o governo para estas emergências parece ser um risco exagerado. Todos sabem que as aposentadorias não são suficientes para cobrir as necessidades dos idosos nem existem instituições para acolher a todos. Precisamos contar com esforços próprios para cuidar do futuro.

No passado, contava-se com a solidariedade de familiares. Hoje, muitos idosos precisam cuidar dos seus filhos que ficaram desempregados ou dos netos de pais separados por divórcios ou desquites, acabando com novos encargos nâo previstos. Isto passou a fazer parte da nova realidade.


2 Comentários para “Os Duros Dados Demográficos”

  1. Carlos Abreu
    1  escreveu às 19:19 em 8 de janeiro de 2017:

    Muito a propósito Sr.Paulo. Segue o link

    http://www.japantimes.co.jp/news/2017/01/04/national/rural-japan-halted-60-traditional-folk-events-due-depopulation-aging

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 09:57 em 9 de janeiro de 2017:

    Caro Carlos Abreu,

    Muito obrigado pela sua importante contribuição.

    Paulo Yokota


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