Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Abe Procura Um Relacionamento Especial Com Trump

9 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: , , ,

clip_image002Ainda que um relacionamento pessoal profundo entre o primeiro-ministro Shinzo Abe com o presidente Donald Trump possa ser significativo, também envolve riscos pelo que se viu até agora do seu comportamento pessoal.

Shinzo Abe procurou Donald Trump antes de sua posse como presidente dos Estados Unidos

Os relacionamentos econômicos e políticos, inclusive militares, entre o Japão e os Estados Unidos são profundos e as declarações feitas por Donald Trump tanto na campanha eleitoral como depois de sua vitória acabam sendo preocupantes. No seu nacionalismo populista, ele menciona que os Estados Unidos estão acima de qualquer entendimento com os aliados, preocupando evidentemente os japoneses que estão entre os principais parceiros comerciais e a defesa externa do Japão depende da cobertura das tropas norte-americanas.

Tudo indica que o Japão não procura, por enquanto, uma diversificação maior dos seus relacionamentos, esperando conseguir um entendimento bilateral que dê continuidade ao que veio se realizando desde o término da Segunda Guerra Mundial, o que apresenta sempre riscos, notadamente quando os Estados Unidos procuram mudar mesmo as alianças tradicionais. A pauta para conversas entre os dois líderes é ampla e para tratar de alguns itens haverá uma reunião em Washington na sexta-feira próxima e uma partida de golfe na Flórida, quando devem também almoçar juntos. Dos contatos mantidos por Trump com outros líderes de países aliados, será certamente o mais longo, sendo que existem analistas preocupados com o comportamento pessoal do presidente dos Estados Unidos, considerado impulsivo.

No passado, o primeiro-ministro Yasuhiro Nakazone conseguiu também estabelecer um relacionamento pessoal com a surpresa política que era Ronald Reagan, com sucesso. Algo parecido está sendo tentado agora. Entre os principais assuntos da pauta está a situação da indústria automobilística japonesa, a principal exportadora para os Estados Unidos, pois Trump deseja que ela aumente a produção em solo americano. E o problema do custeio do apoio militar, onde o Japão já arca com muito mais do que estava nos acordos iniciais e que é crucial para a defesa do arquipélago japonês.

Estes assuntos foram veiculados tanto por Shinzo Abe como pelos seus ministros nos encontros com a imprensa, como o relatado por Ken Moritsugu, da Associated Press, em publicação no Japan Today. O que o novo governo norte-americano parece evitar são acordos gerais como o TPP – TransPacific Partnership, do qual se afastou, e aprofundar os acordos bilaterais que costumam ser mais específicos. A indústria automobilística japonesa parece confiante que vai conseguir algo especial diante dos interesses bilaterais mais profundos. Depois do que aconteceu no Reino Unido com o Brexit e com a eleição de Donald Trump, parece que o caminho atualmente mais viável é este dos acordos bilaterais.

Mesmo que não concordemos com estas tendências é preciso fazer o que for possível, de forma pragmática. O Brasil também deveria intensificar tanto os relacionamentos com os Estados Unidos como com o Japão, que recentemente vem registrando mais dificuldades que vantagens.



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