Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Energia Solar Propiciando Irrigação Mais Barata

8 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: , ,

Um dos primeiros projetos de aproveitamento das águas que ajudei voluntariamente foi o do Vale do Apodi, no Rio Grande do Norte, ainda na década dos anos 1960. Em muitas regiões do Nordeste brasileiro, as precipitações pluviométricas são adequadas, mas concentradas, perdendo-se as águas que escoam rapidamente em direção ao mar. Hoje, o Banco Mundial está estimulando o uso da energia solar para promover a irrigação, como num projeto em Bangaladesh.

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Energia solar para irrigação em Bangaladesh. Foto de um projeto apoiado pelo Banco Mundial

Há que se observarem as diferenças em cada região do mundo que se deseja beneficiar com a irrigação. Normalmente, nas regiões áridas, os solos são salinos e com excesso de irrigação formam-se placas salinizadas que acabam se tornando como mármores, sendo extremamente custosas para serem removidas, não permitindo mais o aproveitamento agrícola de algumas destas terras. Em muitas regiões, as precipitações pluviométricas são superiores a 400mm anuais, que permitem muitas explorações como das uvas, mas, quando elas são concentradas num curto período, os excessos de água escoam rapidamente, exigindo barragens em sequência para o seu melhor aproveitamento. Em Israel foram desenvolvidos nos seus kibutzs formas de gotejamento que fornecem somente as águas necessárias junto às raízes das plantas. No Vale do São Francisco, notamos, acompanhados de engenheiros especializados, que estava se lançando mais de 10 vezes a água necessária.

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Gráfico do Banco Mundial que demonstra que a energia solar para irrigação pode ter um custo inicial mais elevado, mas durante a vida do projeto de 25 anos seu custo fica na metade do uso do diesel para a irrigação

Não há dúvida que sem a água os agricultores, principalmente os mais pobres do mundo, não conseguem exercer suas atividades de forma eficiente e ter padrões de vida razoáveis. Existem projetos de transformação das águas marítimas em potáveis, mas seus custos ainda são elevados, sendo mais frequentes nos países dotados de petróleo.

Na China, as águas do Himalaia precisam ser bem administradas, pois são relevantes para múltiplos aproveitamentos dos seus rios que correm em direção ao leste, uma das razões que os chineses não admitem discutir a independência de países como o Tibet. A água está se tornando um fator político relevante, com uma tendência que se torne um dos elementos mais escassos, exigindo que seus custos sejam considerados nas tarifas cobradas com base no seu uso.

O Brasil é um país privilegiado em sua disponibilidade, mas com as distribuições regionais desiguais, há uma conveniência que seja considerada uma política de longo prazo para o seu uso racional.



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